O senador Sergio Moro (União Brasil-PR) tem registrado uma perda significativa de seguidores em seu perfil no Instagram desde um evento em dezembro. Com a redução no apoio, Moro passará por julgamento no Tribunal Regional Eleitoral (TRE-PR) nas próximas semanas, que deve resultar na cassação de seu mandato por abuso de poder econômico.
A queda no número de seguidores é registrada desde 15 de dezembro, dias depois que o congressista foi fotografado abraçando Flávio Dino, futuro ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), durante a sabatina na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado.
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Moro é senador da oposição ao governo Lula (PT) e crítico contumaz de Dino, de forma que a cena chamou atenção nas redes. O abraço foi acompanhado de risadas e troca de afagos: "Fui até aí cumprimentá-lo, é um dever de cordialidade e civilidade. Vossa excelência me perguntou algo e eu achei engraçado e dei risada", justificou o ex-juiz.
"Tiraram várias fotos, estão viralizando. Como se isso representasse minha posição. Eu sempre deixei muito claro que tenho diferenças com o atual governo, vossa excelência faz parte do atual governo, tenho diferenças profundas, mas não perderei a civilidade. E acho que esse país precisa disso para que nós possamos diminuir a polarização".
Desde então, mais de 145 mil contas selecionaram o botão de "deixar de seguir" no perfil do senador no Instagram, uma média de cem "unfollows" neste intervalo. Em fevereiro, foram registradas mais de 7,2 mil baixas, conforme dados do CrowdTangle, plataforma de monitoramento da Meta, dona do Facebook e Instagram.
O engajamento da conta na rede social também apresentou queda. O número de curtidas e comentários nas publicações de novembro do ano passado chegou a mais de 800 mil, muito mais alto que os 243 mil registrados em dezembro e os 365 mil em janeiro.
Julgamento de Moro
A ação que pode resultar na cassação do mandato de Sergio Moro ainda não foi pautada no TRE-PR, mesmo com a autorização do julgamento do relator do caso, o desembargador Luciano Carrasco Falavinha Souza. Conforme resposta ao Globo, o tribunal informou que aguarda a formalização de um novo membro para integrar o colegiado.
Na primeira semana de fevereiro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva indicou o advogado José Rodrigo Sade para assumir a vaga do desembargador Thiago Paiva dos Santos, cujo mandato no TRE-PR foi encerrado em janeiro.
Sade era um dos integrantes da lista tríplice aprovada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e já foi advogado do ex-deputado federal Deltan Dallagnol. Apesar de ter atuado junto a uma figura próxima a Moro, é considerada uma pessoa imparcial para o julgamento do senador, visto que ele não seria um entusiasta da operação Lava Jato.
A decisão ainda deve ser publicada no Diário Oficial da União. A expectativa do Planalto é que a publicação seja feita até sexta-feira (16), de modo que possibilitaria a posse de Sade já na próxima segunda-feira (19). contudo, não há prazo definido para a oficialização da medida.
O Código Eleitoral prevê a realização de julgamentos que envolvam cassação de mandato com quórum máximo na Corte, ou seja, com participação formal de todos os sete integrantes. Sem a oficialização do nome de Sade, os processos contra Moro devem permanecer sem andamento.
"O TRE-PR está aguardando a formalização da indicação do novo membro da Corte. Quando houver uma data para a sessão de posse e quando o julgamento entrar na pauta será dada ampla divulgação", comunicou o TRE-PR.
A ação de investigação judicial eleitoral (Aije), proposta pelo Partido Liberal (PL) e pela Federação Brasil da Esperança (PT, PCdoB e PV), acusam Moro de abuso de poder econômico, abuso de poder político e uso indevido de meios de comunicação em sua campanha para o Senado, em 2022.
A Procuradoria Regional Eleitoral do Paraná (PRE-PR) pediu a cassação de Moro e seu suplente, o advogado Luís Felipe Cunha, por abuso de poder econômico, em parecer divulgado em dezembro de 2023. O segundo suplente na chapa, Ricardo Augusto Guerra também deve ser cassado, com a preservação de sua elegibilidade.
"A responsabilidade pessoal dos Srs. Sergio Fernando Moro e Luís Felipe Cunha encontra-se solidamente comprovada através da participação direta de ambos nas viagens, eventos e demais atos de pré-campanha, frisando-se que, ainda que apenas o primeiro investigado tenha figurado em destaque e apresentando-se ao público como pré-candidato, o segundo investigado o acompanhou por toda trajetória política, inclusive na condição de advogado", escreveram os procuradores Marcelo Godoy e Eloísa Helena Machado.
De acordo com notas fiscais enviadas pelo União Brasil e sua antiga legenda, o Podemos, a PRE-PR calculou um gasto de R$ 2,03 milhões, verba que teria alçado sua imagem à nível nacional e gerado "grande visibilidade da pré-campanha, em detrimento dos demais candidatos ao Senado do Paraná".
"Não há como desvincular os benefícios eleitorais advindos da alta exposição do primeiro investigado, alcançada por meio da pré-candidatura à Presidência, de sua efetiva campanha ao cargo de Senador no estado do Paraná", diz o parecer.
*Com informações do O Globo.