Em uma tentativa desesperada de livrar Jair Bolsonaro (PL) da iminente prisão por comandar a organização criminosa que tentou um golpe de Estado, os advogados do ex-presidente entraram com pedido no Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar afastar o ministro Alexandre de Moraes da relatoria das investigações.
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A arguição de impedimento contra Moraes foi proposta ao presidente do Supremo, Luis Roberto Barroso, e utiliza um argumento já propagado por Bolsonaro na horda de apoiadores.
O pedido diz que Moraes "assumiu, a um só tempo, a condição de vítima e de julgador".
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"Uma narrativa que coloca o ministro relator no papel de vítima central das supostas ações que estariam sendo objeto da investigação, destacando diversos planos de ação que visavam diretamente sua pessoa", diz o pedido, segundo informações são do portal Uol.
O pedido acontece no mesmo dia em que foi divulgado parte do relatório da Polícia Federal (PF) sobre a investigação dizendo que há provas de que Bolsonaro "analisou e alterou" a minuta golpista entregue à Organização Criminosa pelo ex-assessor, Filipe Martins, que segue preso desde a operação desencadeada na quinta-feira passada, dia 8.
Estado de sítio
A investigação cita um áudio do então ajudante de ordens, tenente coronel Mauro Cid, ao então comandante do Exército, Marco Antônio Freire Gomes, às 12h33 do dia 9 de dezembro de 2022.
O militar era um dos membros da cúpula das Forças Armadas que sofria pressão por não aderir ao plano golpista.
“O presidente tem recebido várias pressões para tomar uma medida mais, mais pesada onde ele vai, obviamente, utilizando as forças né? Mas ele sabe, ele ainda continua com a ideia de que ele saiu da última reunião, mas a pressão que ele recebe é de todo mundo”, diz Cid.
Na sequência, o tenente coronel fala de onde partia a "pressão" e conta ao general que Bolsonaro "enxugou o decreto", que previa a instauração de estado de sítio, cancelando o resultado das eleições e colocando Moraes na prisão.
“Ele está… É cara do agro. São alguns deputados, né? Então a pressão que ele tem recebido é muito grande. É hoje o que ele fez hoje de manhã? Ele enxugou o decreto né? Aqueles considerandos que o senhor viu e enxergou o decreto, fez um decreto muito mais resumido, né?”, diz Cid, comprovando que Bolsonaro mexeu no documento golpista.
Segundo o jornal O Globo, o diálogo “confirma a existência do decreto, que, ao que tudo indica, embasaria a execução de um golpe de Estado, que estava sendo ajustado pelo então presidente da República Jair Bolsonaro e que era de conhecimento do comandante do Exército. Mauro Cid confirma que Bolsonaro estava recebendo pressões para consumar a medida de exceção com utilização das Forças Armadas”.
No dia 8 de janeiro, em meio aos atos golpistas, Cid trocou mensagens com a esposa, que encaminhou notícias sobre críticas à tentativa de golpe por chefes de Estado ao marido. “Imagina se ele tivesse assinado”, respondeu o militar.