Uma nova revelação da Polícia Federal, obtida a partir da quebra de sigilo de Jair Bolsonaro (PL) no âmbito das investigações sobre vendas de joias sauditas da Presidência da República no exterior, fez os investigadores concluírem que o ex-presidente pode ter enviado quase R$ 1 milhão aos EUA para bancar sua fuga, empreendida em 30 de dezembro de 2022.
De acordo com as investigações, a quebra de sigilo do ex-presidente inelegível comprovou o envio de um montante próximo a R$ 800 mil. O objetivo era bancar sua estadia na Flórida enquanto o golpe de estado planejado com seus correligionários não saía do papel.
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“Evidencia-se que o então presidente Jair Bolsonaro, ao final do mandato, transferiu para os Estados Unidos todos os seus bens e recursos financeiros, ilícitos e lícitos, com a finalidade de assegurar sua permanência no exterior, possivelmente, aguardando o desfecho da tentativa de golpe de Estado que estava em andamento”, diz o relatório da PF, já amplamente divulgado na imprensa.
Além disso, a PF também diz que Bolsonaro “analisou e alterou” uma minuta com um decreto golpista. A informação foi apurada pelo jornal O Globo e não ficou claro se a minuta em questão é a encontrada na casa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres, na sede do PL ou uma terceira.
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De acordo com mensagens rastreadas pela PF, o documento foi editado em dezembro de 2022 pelo próprio Bolsonaro. Seu conteúdo não mostra nenhuma novidade. Prevê a prisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal e do Tribunal Superior Eleitoral, além dos decretos de estado de sítio e de operação de Garantia da Lei e da Ordem.
Por meio dos advogados Paulo Cunha Bueno e Daniel Tesser, a defesa de Bolsonaro disse ao jornal supracitado que a tese da PF não tem qualquer lastro na realidade. Por outro lado, os investigadores se baseiam em conversas do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, para formular as suspeitas acerca da minuta.
“O presidente tem recebido várias pressões para tomar uma medida mais pesada onde ele vai, obviamente, utilizando as forças, né? Mas ele sabe, e ainda continua com a ideia de que ele saiu da última reunião. Mas a pressão que ele recebe é de todo mundo. É cara do agro. São alguns deputados, né? Então a pressão que ele tem recebido é muito grande. E hoje o que ele fez pela manhã? Ele enxugou o decreto, né?”, disse Cid numa das mensagens analisadas pela PF.
As suspeitas ficaram ainda mais fortes em outra mensagem, dessa vez um áudio enviado ao general Freire Gomes [à época comandante do Exército]. Cid deu nomes de empresários e parlamentares que pressionavam Bolsonaro para dar um golpe e afirma: “Hoje ele mexeu naquele decreto, reduziu bastante. Fez algo mais direto, objetivo, curto e limitado”.