ELEIÇÕES 2026

Bolsonaro tenta barrar Tarcísio como candidato da terceira via e abre racha na ultradireita

Ex-presidente estaria magoado com seu ex-ministro e, diante do cenário, teria decidido colocar Eduardo Bolsonaro como "plano B" em 2026. Pablo Marçal é mais um fator de turbulência na horda bolsonarista

Ricardo Nunes, Tarcísio e Jair Bolsonaro em ato na última semana de campanha em São Paulo.Créditos: Julio Costa Barros / Fórum
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Inelegível e indiciado em três investigações pela Polícia Federal (PF), entre elas a da Organização Criminosa (OrCrim) golpista, Jair Bolsonaro (PL) antecipou a batalha na ultradireita sobre quem deve ser ungido por ele como anti-Lula em 2026 e abriu um racha ao atuar nos bastidores para barrar que seu ex-ministro Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo, se torne o candidato da chamada terceira via.

Após o mal-estar das eleições em São Paulo, quando Ricardo Nunes (MDB) classificou Tarcísio como "líder maior" após ser abandonado pelo ex-presidente durante a campanha, Bolsonaro chegou a ensaiar uma adesão à terceira via com Tarcísio em 2026, mas teria desistido por medo de ser escanteado pelo aliado, cortejado pela mídia liberal, Centrão e sistema financeiro.

Segundo Bela Megale, no jornal O Globo, Bolsonaro já teria manifestado o descontentamento com Tarcísio a interlocutores no PL, de Valdemar da Costa Neto, afirmando que "ganharia perdendo" com a possível ida do governador paulista para o Planalto.

O ex-presidente acredita, que junto da "terceira via" não teria voz e, principalmente, cargos em uma suposta gestão Tarcísio.

Além disso, Bolsonaro não esconde mais o incômodo com a crescente aproximação entre o governador paulista e seu assessor especial, Gilberto Kassab, presidente do PSD e um dos principais articuladores políticos de Tarcísio, com trânsito no amplo espectro da terceira via.

Diante do cenário, o ex-presidente teria mudado de ideia e fechado questão para colocar um dos filhos, com foco especial em Eduardo Bolsonaro (PL-SP), como vice no registro de sua candidatura em 2026.

Mesmo preso, Bolsonaro poderia registrar a candidatura e entrar com uma última cartada na justiça Eleitoral para tentar reverter a inelegibilidade.

Ciente de que uma decisão a seu favor é praticamente impossível, Bolsonaro trabalharia pela candidatura do filho para manter a dinastia no controle da horda neofascista ceivada por ele no país.

O racha na ultradireita, aberto por Bolsonaro dois anos antes da disputa eleitoral, pode ser levado para a campanha, em um movimento similar ao que houve na capital paulista, onde o bolsonarismo se dividiu quando Pablo Marçal (PRTB) lançou sua candidatura a prefeito.

Marçal, aliás, pode ser mais um fator de turbulência na ultradireita em 2026. O ex-coach recebeu o convite - e já teria aceito - para se filiar ao União Brasil.

Caso tope a costura que vem sendo feita no Centrão, Marçal sairia candidato a senador por São Paulo. No entanto, o ex-coach deseja a candidatura a Presidência e partiria para cima de Tarcísio, que virou seu desafeto durante disputa municipal deste ano.

O racha favorece uma provável candidatura à reeleição de Lula, que tenta manter ao menos parte da frente ampla que o apoiou em 2022. 

 

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