GOLPISMO

General kid preto Mario Fernandes pode fazer delação comprometendo ainda mais Bolsonaro

Estratégia da defesa do ex-presidente que "rifa" militares de seu entorno tem irritado aliados; ex-secretário-executivo da Secretaria Geral da Presidência pode ser o primeiro a buscar um acordo de colaboração

General Mario Fernandes estaria insatisfeito com a linha de defesa de Bolsonaro e de outros indiciadosCréditos: Reprodução YouTube
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O general Mario Fernandes, um dos 37 indiciados pela Polícia Federal (PF) por envolvimento na trama golpista elaborada durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), estaria propenso a fazer um acordo de delação que comprometeria ainda mais o ex-presidente e também o general Walter Braga Netto.

Assim como outros aliados de Bolsonaro indiciados, Fernandes estaria insatisfeito com a linha anunciada pelo advogado de defesa do ex-presidente, Paulo Cunha Bueno. Em entrevista à Globo News, realizada na sexta-feira (29), ele adotou a versão de que o planejamento do golpe não teria como objetivo beneficiar o então ocupante do Palácio do Planalto, e sim os próprios militares que articularam e projetaram a ruptura institucional.

"Quem seria o grande beneficiado? Segundo o plano do general Mario Fernandes, seria uma junta que seria criada após a ação do Plano Punhal Verde e Amarelo, e nessa junta não estava incluído o presidente Bolsonaro", disse o advogado à emissora.

De acordo com a CNN, o militar já teria demonstrado incômodo e irritação por ser apontado por outros indiciados como um “lobo solitário” que agia sem comando, à revelia de ordens superiores. Também segundo o veículo, a família de Fernandes estaria exercendo pressão para que ele faça a delação. O acordo teria como alvos principais Jair Bolsonaro e Braga Netto.

Acordo precisaria ter "novos envolvidos"

Ainda que a defesa de Mario Fernandes manifeste a intenção de seu cliente em fechar um acordo de colaboração, ele teria que trazer provas robustas ou fatos novos e outros possíveis envolvidos.

A jornalista Thais Bilenky, em sua coluna, aponta que um agente da Polícia Federal ouvido por ela diz que, pela consistência do relatório final da PF, não seriam necessários mais elementos para embasar uma eventual denúncia e condenação dos indiciados.

Fernandes foi secretário-executivo na Secretaria Geral da Presidência, comandada pelo general Luiz Eduardo Ramos, e chegou a ocupar o cargo do chefe de forma interina. As investigações da Polícia Federal o apontam como um dos responsáveis pela elaboração do planejamento do assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de seu vice Geraldo Alckmin e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexande de Moraes.

Também de acordo com a Polícia Federal, o general participou dos acampamentos golpistas em dezembro, quando "ainda ocupava o cargo de chefe substituto da Secretaria Geral da Presidência da República, possuindo estreita proximidade com o então presidente Jair Bolsonaro", conforme o relatório elaborado pelos investigadores.

Em sua carreira militar, Mario Fernandes chefiou o Comando de Operações Especiais, os kids pretos, e atuou ainda como assessor especial do ex-ministro da Saúde e hoje deputado federal Eduardo Pazuello (PL-RJ). Em 2016, foi promovido a general de brigada e, em 2020, foi para reserva.

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