O presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk Yeol, do partido de direita Poder do Povo, citou tentativas da oposição de cortar o orçamento dos militares como uma das justificativas para decretar lei marcial no país.
No discurso em que anunciou a medida, às 11 da noite, ele acusou a oposição, que tem maioria no Parlamento unicameral, de impedí-lo de governar.
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Yoon Suk Yeol tomou uma surra nas eleições parlamentares de abril deste ano, que foram um referendo sobre os primeiros anos de seu mandato, iniciado em 2022.
O partido do presidente tem hoje tem apenas 108 das 300 cadeiras na Assembleia Nacional.
Cortes em verbas militares
No discurso, ele disse:
Desde a posse do nosso governo, a Assembleia Nacional iniciou 22 moções de impeachment contra funcionários do governo. [...] Esta é uma situação que não é apenas sem precedentes em qualquer país do mundo, mas nunca foi vista desde a fundação do nosso país.
Yoon Suk Yeol afirmou que a oposição paralisou o governo com pedidos de investigação.
Um dos alvos mencionados pelo presidente no discurso foi o ministro da Defesa, Kim Yong-hyun.
Após a decretação de lei marcial, o ministro convocou uma reunião de emergência dos comandantes militares.
O chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, general Park an Su, foi designado para fazer cumprir a lei marcial.
Colocou tropas na rua e anunciou fechamento do Parlamento, suspensão das atividades políticas em todos os níveis, proibição de manifestações e censura à imprensa.
A Coreia do Sul é uma sociedade altamente militarizada, desde o conflito que dividiu a península nos anos 50 e nunca terminou formalmente.
No discurso, o presidente acusou a oposição de desfigurar o Orçamento, ameaçando inclusive benefícios dos militares:
Eles até mesmo frearam o financiamento para melhorar o tratamento dado a oficiais militares, incluindo aumento de salários e subsídios para oficiais iniciantes e aumento das taxas pagas por plantão.
Unha e carne com Washington
O presidente Yoon Suk Yeol é um aliado muito próximo dos Estados Unidos, a quem deu apoio total na estratégia de "cerco à China".
Os Estados Unidos promoveram exercícios militares conjuntos com a Coreia do Sul no início do ano, inclusive com a presença de um porta-aviões.
Em outubro passado, a Coreia do Norte explodiu as estradas de conexão com a Coreia do Sul, numa demonstração de como as relações entre os dois países estão deterioradas.
A Coreia do Norte fechou uma parceria militar estratégica com a Rússia, o que resultou no fornecimento de peças de artilharia, mísseis e, de acordo com os Estados Unidos, milhares de soldados para o esforço de guerra na Ucrânia.
O presidente Yoon Suk Yeol aproveitou a retórica anticomunista no discurso do golpe:
Caros cidadãos, declaro lei marcial de emergência para defender a República livre da Coreia das ameaças das forças comunistas norte-coreanas e para erradicar as descaradas forças antiestatais pró-norte-coreanas que estão saqueando a liberdade e a felicidade do nosso povo e para proteger a ordem constitucional livre.