VIOLÊNCIA POLICIAL

PM descontrolada: Tarcísio peita 63 coronéis e mantém Derrite por acordo com Centrão

Após recuo histórico sobre câmeras corporais e queda nas pesquisas, Tarcísio pediu trégua na guerra contra a população civil aos coronéis, mas bancou o acordo com o Centrão para manter Derrite no comando da SSP

Derrite e Tarcísio em ato com a PM paulista.Créditos: Celso Silva/Governo do Estado de SP
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Na tentativa de tirar a violência e os assassinatos da Polícia Militar das manchetes - que já causa estragos nas pesquisas de opinião -, o governador paulista Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos) se reuniu com 63 coronéis da PM nesta quinta-feira (12) após ouvir críticas de especialista sobre o tema.

Um dia antes de encontrar os militares, o ex-ministro de Jair Bolsonaro (PL) se reuniu com Joana Monteiro, coordenadora do Centro de Ciência Aplicada à Segurança Pública da FGV, que é crítica à política de segurança pública no Estado, comandado pelo "capitão" Guilherme Derrite (PL), que tem incitado e dado guarida à matança e à violência promovida pela PM paulista contra a população civil.

A consulta à especialista se deu após Tarcísio fazer um recuo histórico sobre as câmeras corporais dos militares e admitir que "era uma pessoa que estava completamente errada nessa questão". Na campanha eleitoral, em um aceno à PM, o governador prometeu acabar com o artefato, alegando que prejudica o trabalho dos policiais.

De janeiro a 17 de novembro deste ano, 673 pessoas foram mortas por policiais militares, contra 460 nos 12 meses do ano passado - um aumento de 46%, segundo dados da própria SSP. No total, 1 em cada 4 assassinatos registrados no Estado são cometidos pela PM, que coleciona casos de agressões e violência sem punição.

Na própria polícia, o aumento das abordagens violentas é creditada ao "capitão" Derrite, um dos bolsonaristas mais radicais, que incita a violência, especialmente contra a população negra periférica, e blinda PMs que a cometem.

Na reunião com os 63 coronéis da PM, Tarcísio pediu uma trégua na guerra contra a população civil, mas peitou os militares ao bancar a manutenção de Derrite, principal alvo das críticas, no comando da Segurança Pública do Estado.

Eleições 2026

A decisão de manter Derrite, no entanto, não tem nada a ver com "competência" na gestão da segurança, mas tem tudo a ver com a disputa eleitoral em 2026.

O governador paulista é a principal aposta de uma "frente ampla" que une sistema financeiro, mídia liberal e centrão para ser o candidato da terceira via anti-Lula no pleito presidencial.

Tarcísio, no entanto, ainda não decidiu se deve trocar uma quase certa reeleição ao governo do Estado pela provável derrota na disputa presidencial contra Lula.

Mesmo assim, o governador paulista já teria feito um acordo com outro ex-ministro de Bolsonaro, o presidente do PP, Ciro Nogueira.

Cacique do Centrão, Nogueira se encontrou com Derrite no início do mês e, em seguida, lançou o nome do chefe da PM paulista ao governo do Estado.

"Ele é nosso candidato a governador de São Paulo", caso Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) "decida disputar a eleição presidencial", afirmou à coluna de Mônica Bergamo, na Folha de S.Paulo.

"Se Tarcísio disputar a reeleição ao governo, Derrite será então o nosso candidato ao Senado", emendou, sobre o acordo firmado com o ex-colega de ministério na gestão Bolsonaro.

Em relação ao recorrentes casos de violência, Nogueira diz que "as imagens chocam. Temos que condenar. Mas são fatos isolados".

"Só temos que aplaudir Derrite por seu trabalho. Ele tem nosso apoio, confiança e admiração. Estamos no projeto político dele", emendou o ex-ministro da Casa Civil de Bolsonaro, que corteja Derrite para levá-lo aos quadros do PP.

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