Nota técnica do Núcleo de Estudos da Violência, da Universidade de São Paulo (NEV/USP), afirma que contrato firmado entre o governo de São Paulo e a empresa de tecnologia Motorola para aquisição de novas câmeras corporais para a Polícia Militar não atende à determinação do ministro Luis Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo o Núcleo, "não há captação ininterrupta de vídeo, mas apenas a gravação intencional", diferentemente do atual equipamento da Polícia Militar.
O presidente do STF definiu que é obrigatório o uso do equipamentos pelos PMs e que as câmeras façam gravação de forma ininterrupta, além de outras exigências.
O documento da USP afirma que, no novo protocolo estabelecido no edital, diferentemente de como ocorre atualmente, "não há captação ininterrupta de vídeo, mas apenas a 'gravação intencional'".
"Na prática, com o fim da 'gravação de rotina', caso o policial opte por não acionar a câmera, não haverá qualquer registro sobre as ocorrências", diz a nota do NEV/USP.
Ou seja, o governador de São Paulo Tarcísio de Freitas passou a ser a favor do uso de câmeras, pero no mucho, o que fica coerente com sua escolha do Secretário de Segurança capitão PM Guilherme Derrite.
Quem escolhe para comandar a Segurança Pública do estado um policial que foi expulso da Rota (tida como a mais violenta polícia do Brasil) por excesso de letalidade, como ele mesmo afirma com orgulho, fez a opção pelo confronto com violência.
É isso o que vem acontecendo no estado, que viu o índice de letalidade, que vinha caindo constantemente desde que as câmeras foram adotadas em 2021, subir drasticamente desde a chegada da dupla Tarcísio-Derrite ao poder em 2023.
O fator Derrite
O jornalismo da Ponte teve acesso em 2015 a um depoimento em áudio do à época tenente Derrite, onde ele afirma:
“Porque pro camarada trabalhar cinco anos na rua e não ter ma… três ocorrências, na minha opinião, é vergonhoso, né. Mas é a minha opinião, né”
Outra frase, esta também muito utilizada nas Forças Armadas, diz que "a palavra convence, o exemplo arrasta". E a palavra do governador Tarcísio e o exemplo do capitão Derrite estão arrastando os índices de letalidade policial em São Paulo às alturas.
O áudio de Derrite, obtido pela Ponte:
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