Antes de Lula viajar para São Paulo para realizar a trepanação - cirurgia de perfuração no crânio para drenar a hemorragia -, a equipe do presidente foi alertada pelo empresário José Seripieri Filho, o Júnior, dono da rede Amil que as dores de cabeça que o presidente sentia poderiam estar relacionadas com a queda no banheiro do Alvorada em 19 de outubro, que causou uma fratura na região próxima à nuca.
Júnior esteve em Brasília e passou no Planalto na manhã de segunda-feira (9) para dar um abraço no amigo Lula, que reclamou das dores na cabeça. O abatimento do presidente chamou a atenção do empresário, que alertou à chefia de gabinete.
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Chefe de gabinete da Presidência, Marco Aurélio Santana Ribeiro, o Marcola, levou o alerta aos médicos do Planalto. Mas, mesmo com forte indisposição, Lula preferiu manter a agenda até às 18h, quando resolveu se submeter a exames no hospital Sírio Libanês, em Brasília, onde foi constatada a hemorragia.
Ao ouvir o diagnóstico, Lula disse ter recebido um "banho de água fria" à esposa, Janja, que o acompanhava e se dirigiu ao Alvorada para fazer as malas para que o presidente se deslocasse rapidamente para a unidade paulistana do Sírio Libanês, onde foi realizado o procedimento cirúrgico.
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Lula teria ficado frustrado devido à recuperação rápida que teve após a queda no banheiro 51 dia antes. No entanto, o presidente se colocou à disposição de seu médico, Roberto Kalil Filho, para viajar para São Paulo e ser submetido à cirurgia.
O translado, em ambulância, para o aeroporto de Brasília, onde aconteceu o embarque do presidente em uma avião da Força Aérea Brasileira (FAB), ocorreu por volta das 20h, quando a bandeira do Brasil, que mostra a presença do presidente, foi arreada no Planalto.
Reunião com Lira e Pacheco
Lula resistiu a deixar o Planalto para realizar os exames em razão da reunião marcada para as 17h com os presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e Arthur Lira (PP-AL).
O presidente queria buscar alternativas para realizar o pagamento das emendas parlamentares diante da decisão de Flávio Dino, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), de endurecer as regras para os repasses.
Abatido e falando menos que o normal durante todo o dia, o presidente deixou a reunião por volta das 17h50.
"Pessoal, estou com dor de cabeça. Vou ter de sair para fazer exames", disse, segundo o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), que acompanhava a reunião.
Nesta terça, Pacheco relatou o abatimento de Lula na reunião.
"Muitas pessoas me perguntaram como estava o presidente (...) e eu devo dizer que, naturalmente, abatido em função do estado de saúde, mas me recebeu no seu gabinete e se despediu de mim com um sorriso no rosto, o que é um indicativo que o presidente Lula em breve estará retomando suas atividades, para bem do Brasil e para bem dos brasileiros", disse o presidente da casa legislativa.