O presidente Luiz Inácio Lula da Silva subiu o tom contra o Congresso Nacional, setor empresarial e mercado financeiro ao ser questionado sobre o ajuste fiscal que vem sendo estudado pelo seu governo.
Lula, nos últimos dias, reuniu a equipe econômica e ministros para discutir um corte de gastos em despesas obrigatórias para cumprir o arcabouço fiscal. O mandatário, entretanto, sinalizou que não cederá às pressões do mercado, endossadas por parte da mídia liberal do Brasil e por parlamentares de direita e extrema direita, no sentido de cortar gastos de áreas essenciais, como saúde, educação, salário mínimo e aposentadoria.
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Em entrevista concedida aos senadores Jorge Kajuru (PSB-GO) e Leila Barros (PDT-DF) nesta quarta-feira (6), Lula questionou se parlamentares e empresários topariam "abrir mão" de determinados benefícios para contribuir com o ajuste fiscal. A íntegra da conversa será veiculada pela RedeTV no próximo domingo (10).
"Eu quero saber o seguinte: se eu fizer um corte de gastos para diminuir a capacidade de investimento do orçamento, o Congresso vai aceitar reduzir emendas de deputados e senadores para contribuir com ajuste fiscal que eu vou fazer? Porque não é só tirar do orçamento do governo. Os empresários que vivem de subsídio do governo, vão aceitar abrir mão um pouco de subsídio para a gente poder equilibrar a economia brasileira? Eu não sei se vão aceitar", disparou o presidente.
Lula ainda criticou agentes do mercado financeiro e sinalizou que não cortará recursos de áreas que possam afetar a população mais pobre do país.
"Eu conheço bem o discurso do mercado, a gana especulativa do mercado (...) Nós não podemos mais jogar, toda vez que você tem que cortar alguma coisa, em cima do ombro das pessoas mais necessitadas", declarou.
Entenda
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vem, ao longo desta semana, realizando uma série de reuniões com ministros de seu governo para discutir um pacote de medidas que visa cortar gastos públicos para cumprir o arcabouço fiscal.
As despesas obrigatórias do governo vêm servido de base para especulação do mercado financeiro, que culminou na recente disparada da cotação do dólar e que é utilizada pelo presidente bolsonarista do Banco Central, Roberto Campos Neto, para justificar o aumento da taxa básica de juros (Selic).
Lula vêm sinalizando que vai cumprir o ajuste fiscal, mas que não pretende mexer no aumento real do salário mínimo e nas aposentadorias. O presidente ainda resiste à pressão do mercado para que sejam colocados tetos em despesas com áreas essenciais, como saúde e educação.
A deputada federal Gleisi Hoffmann, presidente do PT, é um dos nomes próximos a Lula que pressionam para que o presidente não promova ajuste fiscal mexendo em gastos com o social.
"As conversas da mídia e seus economistas para cortar o orçamento público só recaem em cima daquilo que atinge o povo trabalhador e os pobres: pisos de saúde e educação, reajuste do salário mínimo, seguro desemprego, abono salaria, BPC…Nada se fala dos juros estratosféricos, que vem aumentando a dívida, do sistema tributário injusto e concentrador de renda, das desonerações bilionárias. Dá uma tristeza!", escreveu Gleisi em seu perfil no X (o antigo Twitter).