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O relatório recebido por Lula que alertava sobre vitória de Trump

Presidente brasileiro teve documento em mãos que anteciparam o problema que viria pela frente. Entenda

Créditos: Fotomontagem Presidência do Brasil e Wikipedia - Lula recebeu dossiê sobre vitória de Trump
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A rápida decisão do Palácio do Planalto em emitir uma mensagem ao presidente eleito dos EUA, Donald Trump, visou evitar que o presidente Lula fosse acusado de evitar relações com o republicano.

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A nota também busca neutralizar a narrativa bolsonarista, que vem explorando a preferência do mandatário brasileiro pela candidata Kamala Harris para alegar uma postura antirrepublicana do governo.

As informações são do colunista do Uol Jamil Chade. A matéria informa que, nos bastidores do governo brasileiro, a principal preocupação é que a vitória de Trump possa, simbolicamente, "reviver" o projeto de resgate da candidatura de Jair Bolsonaro para 2026, apesar de ele estar inelegível.

Esse cenário, segundo fontes de Chade no Planalto, poderia alimentar a base mais radical do bolsonarismo, minar o sistema eleitoral brasileiro e prejudicar as relações entre Brasília e Washington.

Dossiê para Lula

Em setembro, uma delegação do governo Lula desembarcou em Washington D.C. para reuniões com interlocutores democratas e republicanos, com o objetivo de mapear possíveis cenários para o Brasil em caso de uma vitória de Donald Trump nas eleições norte-americanas.

O resultado da visita foi um dossiê entregue ao Palácio do Planalto, que alertava sobre os riscos que um novo mandato republicano representaria para a política externa brasileira.

Coube ao chanceler Mauro Vieira apresentar o relatório ao presidente Lula, detalhando os possíveis impactos que cada ministro de um governo Trump poderia ter sobre os interesses nacionais.

A análise destacou que, embora os laços comerciais entre os dois países sejam sólidos e movimentem bilhões em investimentos, os riscos para a diplomacia e para a economia brasileiras permanecem elevados.

Dudu e Trump

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente e que carrega o apelido de "Dudu Bananinha", acompanhou a apuração nos EUA ao lado da família Trump.

Esse gesto foi interpretado pela diplomacia brasileira como um possível sinal de que a relação entre os países pode se desdobrar em dois níveis: um institucional, entre Estados, e outro informal, porém influente, entre o bolsonarismo e aliados de Trump.

O temor é que essa proximidade se transforme em uma pressão direta sobre as instituições brasileiras, incluindo ameaças, veladas ou explícitas, contra o sistema democrático.

A partir de 11 de novembro, uma delegação de parlamentares bolsonaristas planeja visitar os Estados Unidos, com a intenção de dialogar com a ala mais radical do Partido Republicano e fortalecer o alinhamento com essa corrente política.

Segundo a coluna de Chade, a notícia dessa missão já chegou ao governo Lula, que vê a possibilidade de uma nova Casa Branca sob Trump como um centro de operações que poderia impulsionar grupos de extrema direita na América Latina, incluindo no Brasil.

Entre os parlamentares envolvidos na viagem estão nomes como Marcel Van Harten e Bia Kicis, acompanhados de outros integrantes da base bolsonarista.

A retórica defendida por essa ala, amplificada por figuras influentes como Elon Musk, visa questionar a credibilidade do Supremo Tribunal Federal (STF) e justificar ataques contra instituições brasileiras, ecoando episódios como os atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023.

Ex-assessores de Trump chegaram a esboçar um projeto para utilizar recursos de ajuda ao desenvolvimento dos EUA em prol de grupos opositores aos movimentos de esquerda na região.

Em carta recente ao secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, parlamentares republicanos, incluindo Maria Elvira Salazar e Rick Scott, pediram a revogação de vistos de ministros do STF, como Alexandre de Moraes. A medida integra uma estratégia para minar a credibilidade das instituições democráticas do Brasil.

O projeto de lei “No Funding or Enforcement of Censorship Abroad Act”, que busca limitar o financiamento de iniciativas contra a desinformação, também reforça a ofensiva contra as parcerias entre as agências americanas e brasileiras.