OPINIÃO

Os cinco piores erros de Kamala Harris que deram vitória a Trump

A vitória histórica da extrema direita também pode ser explicada pelos fracassos da campanha democrata

Derrota acachapante indica novos rumos para o partido.Kamala HarrisCréditos: Gage Skidmore
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Kamala Harris se tornou a primeira candidata democrata a perder no voto popular para um republicano desde 2004 e conquistou o menor número de estados desde 1988. Sua derrota eleitoral para Donald Trump foi acachapante e um balde de água fria para o establishment do partido.

Alguns atribuem a derrota de Kamala a fatores de identidade - como o fato de ela ser mulher e negra. Essa explicação poderia ser plausível, não fosse o desempenho inferior entre eleitores negros em comparação com Biden e Clinton, além de um desempenho entre mulheres que também não foi surpreendente.

Então, quais são os problemas?

1. A aliança com o velho Cheney

Kamala optou por uma frente ampla com os neoconservadores do Partido Republicano. Ela se aliou à família Cheney e a diversos egressos do governo George Bush, extremamente impopulares, para tentar atrair uma classe média conservadora que não se vê representada por Trump. Essa escolha afastou eleitores mais à esquerda e não foi suficiente para combater o movimento trumpista.

2. A dívida com o velho Biden

O governo Biden tinha alta rejeição, especialmente nas áreas de economia e de política externa. Inflação, guerra na Ucrânia e imigração eram vistos como pontos negativos, com o governo rejeitado por 56% da população. Em diversas pesquisas, ela foi mostrada como uma figura que poderia mudar o rumo do governo Biden. Kamala poderia ter tentado se distanciar de um governo caquético, mas optou por defendê-lo por gratidão, afirmando que o país estava em boa direção.

3. A amizade com o velho Netanyahu

Kamala implorou os votos árabes e muçulmanos, que fariam diferença em Michigan. No entanto, manteve uma lealdade firme ao regime de Israel e não apresentou uma solução para uma juventude revoltada com o genocídio transmitido de Gaza. Foi alvo de significativos votos de protesto e, pior, afastou muitos eleitores históricos do Partido Democrata das urnas em uma eleição em que a mobilização era crucial.

4. As estratégias do velho Obama

Sem projetos econômicos e políticos fortes, Kamala decidiu voar no mesmo estilo de Obama, seu principal fiador político. Apostar na mídia, no carisma e nas celebridades para tentar avançar politicamente frente ao Trump. Despolitizou o debate e tentou concorrer pelas vibes - termo muito utilizado para descrever a campanha Harris -, o que certamente não foi suficiente para frear o fenômeno Trump.

5. A inaptidão com qualquer jovem

Sem propostas econômicas robustas, colada em um governo impopular, apoiando um genocídio e em aliança com Bush, Kamala se mostrou mais do mesmo. Enquanto Trump ofereceu uma melhora de vida para seus novos milhões de eleitores, Kamala não tentou aprofundar as mudanças e se colocar como um ponto de inflexão. Sem inflexão, se distanciou dos eleitores jovens, apontados como decisivos para qualquer eleição dos EUA.

Agora, resta a famosa autocrítica ao Partido Democrata, que deve tanto a tantos doadores e compadres que se esqueceu do seu principal fiduciário: o eleitor.