CRISE DA CARNE

Carrefour: Lula detona deputado da direita francesa que chamou carne brasileira de "lixo"; vídeo

"O Brasil não precisa ficar preso aos países que o colonizaram. Temos que procurar mercados novos", disse Lula, que ressaltou ainda que não quer brigar com Donald Trump, mas vai "trancar a cara" se houver divergência.

Lula em discurso na abertura do Encontro Nacional da Indústria.Créditos: Ricardo Stuckert / PR
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Em discurso na abertura do Encontro Nacional da Indústria, organizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), nesta quarta-feira (27), o presidente Luis Inácio Lula da Silva criticou a direita francesa, que vem sendo protagonista na crise com o Carrefour, que recuou após divulgar que não compraria mais carne de produtores brasileiros.

Lula afirmou que o Mercosul pretende firmar, ainda neste ano, um acordo diretamente com a União Europeia (UE), em que os franceses não "apitariam" mais nada.

O presidente brasileiro aproveitou a deixa para rebater o deputado francês Vincent Trébuchet, do partido UDR, de direita, que afirmou nesta terça-feira (26) que "nossos agricultores não querem morrer e nossos pratos não são latas de lixo" ao se referir à carne brasileira.

"Eu quero que o agronegócio continue crescendo e causando raiva num deputado francês que hoje achincalhou os produtos brasileiros, porque vamos fazer o acordo do Mercosul nem tanto pela questão dinheiro. Vamos fazer porque eu estou há 22 anos nisso. E, se os franceses não quiserem o acordo, eles não apitam mais nada. Quem apita é a Comissão Europeia e a [presidente da Comissão] Ursula Von der Leyen tem procuração para fazer o acordo. E eu pretendo assinar esse acordo neste ano ainda", disparou Lula.

Lula ainda afirmou que pretende ter uma relação republicana com o presidente eleito dos EUA, Donald Trump, mas ressaltou que vai "trancar a cara" caso haja divergências.

"Nós é que temos que acreditar em nós. Eu quero fazer tudo isso sem brigar com os Estados Unidos. Eu não quero saber se o presidente é o Trump, Biden, Obama. Eu quero saber o seguinte, o Brasil tem interesses soberanos, eles têm interesses soberanos e os nossos interesses têm que convergir. Naquilo que houver tiver diferença, a gente tranca a cara e não faz negócio", afirmou.

Aos industriários, o presidente brasileiro defendeu, no entanto, que o Brasil precisa buscar novas relações comerciais, sem ficar preso à "síndrome de vira lata", que norteou a diplomacia no governo Jair Bolsonaro (PL).

"O Brasil não precisa ficar preso aos países que o colonizaram. Temos que procurar mercados novos".

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