No início da pandemia da Covid, em março de 2020, quando o Brasil já contava 2.575 das mais de 700 mil mortes que viriam em decorrência do coronavírus, o então presidente Jair Bolsonaro (PL) soltou uma declaração que estarreceu o mundo.
Indagado sobre o crescente e rápido número de mortes pela doença no país - que já passavam das 300 por dia -, Bolsonaro deu de ombros.
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"E daí? Não sou coveiro, tá?", respondeu, aproveitando o ensejo para propagar teses tresloucadas sobre a pandemia.
À época, Bolsonaro tinha como aliado fiel o atual governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União), que rompeu a relação após ser traído pelo ex-presidente nas eleições municipais deste ano.
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Se colocando como candidato à presidente pela ultradireira em 2026, Caiado fez uma ironia fina ao ser indagado sobre o indiciamento de seu ex-amigo, com outros 36 membros da organização criminosa golpista, em evento na Confederação Israelita Brasileira (Conib) na capital paulista na noite deste sábado (23).
Indagado obre o tema, o governador goiano fez troça, parafraseando a fala do ex-aliado na pandemia.
"E daí? A vida continua", respondeu Caiado. "Agora tem dois anos que é só essa discussão no Brasil. O governo não tem uma proposta. Eu sou governador do estado. Se eu fosse ficar preocupado com as pequenas coisas, eu não governaria", emendou.
Caiado ainda revelou a mágoa de Bolsonaro, adquirida nas eleições recentes. "Todos sabem que eu sempre apoiei mesmo ele lançando um candidato contra mim em Goiânia, mas nós fomos vitoriosos", disse sobre a traição do ex-presidente.
Tour eleitoral
Além do evento na Conib, uma das principais representantes do lobby sionista no Brasil, Caiado aproveitou o fim de semana na capital paulista para tentar nacionalizar seu nome, com vistas a 2026.
Na noite deste domingo (24), vai ao ar uma entrevista do governador goiano no programa Canal Livre, da Band, onde classificou como "insensatez, inadmissível e inaceitável" a tentativa de golpe de Bolsonaro e se colocou como conciliador, disputando com o colega paulista, Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos), a vaga na terceira via articulada pela mídia liberal juntamente com os agentes financeiros.
"Neste momento, ninguém está indo nesse lado extremado demais. O povo cansou. Isso não vai prevalecer em 2026", afirmou.