SÃO PAULO

Ricardo Nunes vira alvo de investigação da PF por corrupção na máfia das creches

Nunes, que negou que estivesse na mira da PF durante toda a campanha eleitoral, será investigado após decisão da justiça. Ele é suspeito de receber propina em esquema mafioso no atendimento às crianças de zero a 3 anos da capital.

Ricardo Nunes, Tarcísio e Jair Bolsonaro em ato na última semana de campanha.Créditos: Julio Costa Barros / Fórum
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Vitorioso no pleito que o reelegeu prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB) virou alvo da Polícia Federal (PF) por suspeitas de corrupção na chamada máfia das creches, que já conta com o indiciamento de 117 pessoas ligadas ao esquema criminoso montado na administração da capital paulista para desvio de recursos no atendimento às crianças de zero a três anos.

Nunes, que negou que estivesse na mira da PF durante toda a campanha eleitoral, será investigado após decisão da juíza Fabiana Alves Rodrigues, da 8.ª Vara Criminal Federal de São Paulo, que autorizou os agentes a mirarem supostos casos envolvendo diretamente o prefeito, que virou pupilo do governador Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos) durante as eleições.

Nunes, segundo a PF, é suspeito de receber propina da Organização Não Governamental ACRIA (Associação Amiga da Criança e do Adolescente) em um “complexo esquema de desvio de valores públicos, inclusive verbas federais, que estaria sendo realizado por Organizações Sociais e Mantenedoras de Centros de Educação Infantil e creches que prestam serviços para a Prefeitura de São Paulo”.

O caso aconteceu quando Nunes era vereador paulistano, em 2018. O medebista teria envolvimento com empresa "noteira", como classifica a PF as empresas criadas para emitir notas fraudulentas.

“É suspeita essa relação do então vereador Ricardo Luis Reis Nunes, atual Prefeito de São Paulo, com uma das principais empresas atuante do esquema criminoso de desvio de verba pública do município de São Paulo, Francisca Jacqueline Oliveira Braz Eireli, que movimentou a quantia de R$ 162.965.770,02 no período do afastamento bancário, como também a Organização Social Associação Amiga da Criança e do Adolescente”, afirma o delegado Adalto Ismael Rodrigues Machado, da Delegacia de Repressão a Crimes Fazendários em relatório entregue à Justiça em julho desse ano.

À época, a PF havia pedido desmembramento do caso para que pudesse aprofundar as investigações sobre a ligação de Nunes com a máfia. As suspeitas aumentaram após uma das investigadas, Rosângela Crepaldi dos Santos teria gravado um vídeo em que afirma que as empresas de Nunes teriam recebido dinheiro das creches sem terem prestado quaisquer serviços. Pressionada antes da campanha eleitoral, ela se retratou.

Enquanto isso, advogados de Nunes pediram o arquivamento sumário do inquérito e o trancamento da investigação, alegando que as suspeitas já haviam sido investigadas pela polícia civil paulista em 2019 e não foram "apurados indícios de condutas ilícitas em relação” ao prefeito reeleito.

Na decisão, divulgada na noite desta quarta-feira (19) pelo Blog de Fausto Macedo, no Estadão, a juíza diz que "caberá à autoridade policial extrair as cópias dos documentos que entender necessários para instauração dos novos inquéritos".

Ao Estadão, Nunes voltou a dizer que nada se comprovou contra ele numa investigação de cerca de cinco anos.