Durante o primeiro debate do segundo turno da eleição à prefeitura de São Paulo promovido pela Band na noite desta segunda-feira (14), Guilherme Boulos (PSOL) desestabilizou o atual prefeito Ricardo Nunes (MDB) ao citar investigações e suspeitas de corrupção que pesam contra ele.
Em dado momento, Boulos pediu para que os telespectadores pesquisassem no Google termos relacionados a essas acusações contra Nunes.
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"Você é investigado no tema da máfia das creches, obras emergenciais, o Ministério Público está apurando. Contrato sem licitação, favoreceu o seu compadre. Superfaturamento de água. Superfaturamento até de marmita. Deem um Google: 'Ricardo Nunes superfaturamento obra emergencial'; 'Ricardo Nunes cunhado PCC'. Deem um Google. Se não parece que fica o dito pelo não dito", disparou Boulos.
O pedido de Boulos surtiu efeito. Ao longo do final da noite de segunda e madrugada desta terça-feira (15), houve aumento repentino nas buscas do Google por termos como "PCC", "Cunhado", "Nunes máfia das creches", "superfaturamento" e "Nunes investigado".
Veja a evolução das buscas pelos termos "PCC", "cunhado" e "superfaturamento", segundo o Google Trends:
O Google Trends aponta, ainda, que outros termos tiveram aumento repentino nas buscas ao serem relacionados com os termos "cunhado" e "superfaturamento". São eles: "Ricardo Nunes cunhado do PCC"; "Ricardo Nunes máfia das creches" e "Ricardo Nunes PCC".
Confira:
Cunhado do PCC e superfaturamento; entenda
Eduardo Olivatto, irmão de Ana Maria Olivatto, ex-mulher de Marcos Willians Herba Camacho, o Marcola, principal líder da facção criminosa Primeiro Comando da Capital, o PCC, atua como chefe de gabinete da Secretaria Municipal de Infraestrutura e Obras (SIURB) na gestão Ricardo Nunes (MDB) na prefeitura de São Paulo.
A informação foi divulgada por Mateus Araújo e Thiago Herdy no portal Uol e confirmada pela Fórum no portal oficial da prefeitura de São Paulo.
Olivatto, que aparece em foto ao lado de Ricardo Nunes e de Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo, é subordinado ao secretário Marcos Monteiro e à adjunta, Adriana Siano Boggio Biazzi, e atua como uma espécie de número 3 da pasta de Infraestrutura e Obras do atual prefeito, candidato à reeleição.
Ex-mulher de Marcola, Ana Maria foi assassinada em disputas internas do PCC em outubro de 2002.
Servidor de carreira da prefeitura, Olivatto é vinculado ao empresário Fernando Marsiarelli, que foi quem mais faturou com contratos emergenciais, sem licitação na gestão de Nunes, segundo o Uol.
Marco Antônio Olivatto, irmão de Eduardo e também ex-cunhado de Marcola, é secretário no gabinete do deputado federal Antonio Carlos Rodrigues (PL-SP), que foi preso em novembro de 2017 na operação Caixa D'Água, que investigava crimes eleitorais.
Figura histórica da política paulista, Antônio Carlos Rodrigues teria sido o fiador da negociata entre o PL, de Valdemar da Costa Neto e Jair Bolsonaro, que selou o apoio do partido ao prefeito Ricardo Nunes na tentativa de reeleição.
Ele foi nomeado como secretário parlamentar em 7 de junho deste ano, em meio aos acordos na pré-campanha, com um salário bruto de R$ 9.119,22.
Máfia das creches; entenda
O caso da "máfia das creches" envolve a investigação sobre supostos desvios de recursos públicos destinados à contratação de vagas em creches conveniadas na cidade de São Paulo, esquema pelo qual o prefeito Ricardo Nunes está sendo investigado. A Controladoria Geral do Município (CGM) e o Ministério Público apuram se houve superfaturamento nos contratos e irregularidades na seleção de entidades responsáveis pela administração dessas unidades, que atendem crianças na primeira infância. A suspeita é de que grupos ligados a essas entidades teriam obtido benefícios indevidos por meio de fraudes em licitações e desvio de verbas públicas.
Além das investigações locais, a Polícia Federal (PF) também entrou no caso, ampliando a apuração sobre possíveis crimes envolvendo recursos federais repassados ao município para a gestão dessas creches. A PF investiga se o esquema de desvios foi mais amplo, envolvendo outras áreas da administração pública e se há ligações com políticos e empresários que teriam se beneficiado das irregularidades. Ricardo Nunes, que nega qualquer envolvimento com o caso, já era alvo de investigações semelhantes desde seu tempo como vereador. A apuração segue em andamento.