A dois dias do primeiro turno das eleições municipais, a presidenta do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministra Cármen Lúcia, voltou a criticar a disseminação de desinformação e notícias falsas nas redes sociais. Ela classificou o fenômeno como "cabresto digital", afirmando que o consumo de fake news é uma escolha deliberada por parte dos eleitores.
Cármen Lúcia associou o problema à abundância de informações nas plataformas digitais e à velocidade com que elas são propagadas. Segundo a ministra, essa dinâmica impede que os usuários façam uma análise crítica das informações, afetando diretamente o processo democrático.
Te podría interesar
"A gente acha que viu, acha que pensou, mas alguém pensou por nós. E pelo volume, pela velocidade, pela viralização, nos deixaram sem condições de escolher livremente, escolher inclusive votos livremente, escolher candidatos livremente. Criamos agora, no Brasil, o cabresto digital", declarou.
As afirmações foram feitas durante a abertura de um ciclo de palestras sobre eleições e os desafios da era digital, realizado nesta sexta-feira (4). O evento se estenderá até domingo (6), dia do primeiro turno.
Te podría interesar
A ministra também defendeu a regulação das redes sociais, tema que está em debate no Congresso Nacional e no Supremo Tribunal Federal (STF). Ela rebateu as críticas de que a regulamentação seria uma forma de censura, afirmando que "as plataformas tentam capturar a liberdade de expressão, afirmando que qualquer regulação seria censura, o que também é fake news".
Cármen Lúcia já havia manifestado preocupação com a desinformação em sua posse como presidente do TSE, em junho deste ano. Na ocasião, ela destacou o papel das redes sociais no que chamou de "desaforo tirânico contra a democracia".
Durante a palestra desta sexta-feira, a ministra reforçou a ideia de que "o algoritmo tem um dono, tem interesses, e não se importa com os outros, exceto com aquele que o controla".
Combate às fake news
O TSE tem atuado para combater a desinformação que pode influenciar o processo eleitoral. Em fevereiro, sob a gestão de Alexandre de Moraes, o tribunal aprovou uma série de resoluções que responsabilizam as plataformas em casos de propagação de notícias falsas.
Apesar das críticas ao uso indevido da tecnologia, a ministra também reconheceu os benefícios dos avanços digitais, mas alertou que o Brasil, com mais de 200 milhões de habitantes, é um "alvo preferencial" de quem lucra com o abuso dessas ferramentas. "Nós somos um alvo preferencial daqueles que ganham com todos os recursos, pelo abuso das máquinas", afirmou Cármen Lúcia.
Além da ministra Cármen Lúcia, participaram do evento a embaixadora de Gana, Abena Busia, e os embaixadores do Uruguai e do Chile, Guillermo Valles e Sebastián Depolo. No dia do primeiro turno, os convidados serão levados a Valparaíso de Goiás, cidade próxima a Brasília, para acompanhar a votação e a transmissão dos votos.
O primeiro turno das eleições será no domingo (6). O segundo turno da disputa poderá ser realizado em 27 de outubro em 103 municípios com mais de 200 mil eleitores, nos quais nenhum dos candidatos à prefeitura atingir mais da metade dos votos válidos, excluídos os brancos e nulos, no primeiro turno.
Com informações da Agência Brasil
Siga os perfis da Revista Fórum e da jornalista Iara Vidal no Bluesky