TERCEIRA VIA

Ex-ministro de Bolsonaro, Ciro entra na frente ampla da Globo por Tarcísio e quer ser o vice

Após Kassab, Costa Neto e o próprio Tarcísio serem cortejados, Ciro Nogueira se comprometeu com a adesão em entrevista ao jornal O Globo e cogita até trazer o xará, Ciro Gomes, que está em crise com o PDT para apoiar a terceira via do clã Marinho

Ciro Nogueira na GloboNews e com Tarcísio Gomes de Freitas.Créditos: Reprodução GloboNews / Instagram Ciro Nogueira
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Alçado ao ministério da Casa Civil, onde ganhou a alcunha de "presidente de fato", após classificar Jair Bolsonaro (PL) como "um fascista" em 2017, o presidente nacional do PP, Ciro Nogueira (PI), já trata o ex-presidente como parte do passado e aderiu à frente ampla articulada pela Globo e o sistema financeiro em torno de Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos) para encabeçar a chapa anti-Lula em 2026.

Após Gilberto Kassab (PSD), Valdemar da Costa Neto (PL) e o próprio Tarcísio "beijarem a mão" da família Marinho, Ciro Nogueira se comprometeu a entrar na frente ampla em entrevista ao jornal O Globo - porta-voz político do clã - e sinalizou que quer ser o vice na chapa.

"Nogueira, que tenta se cacifar como vice de uma candidatura de direita, afirma que Tarcísio é, atualmente, o melhor nome no campo político para disputar as eleições de 2026, caso o ex-presidente Jair Bolsonaro siga inelegível até lá", diz O Globo na apresentação da entrevista.

Logo na primeira resposta, dizendo ser "um admirador do Tarcísio", Nogueira corrobora a afirmação do jornal ao afirmar que "a competência dele talvez seja o maior obstáculo" e se colocando como articulador na esfera política, para se "cacifar" como vice.

"Os governadores de São Paulo pensam, às vezes, que São Paulo é um país e que ele está acima do Brasil, e isso não pode acontecer com o Tarcísio. Ele está deixando a desejar muito na articulação política. Tem muita insatisfação no nosso partido, no União Brasil, no partido dele, no PL", diz o cacique piauiense, se colocando à disposição para articular com o Centrão.

Nogueira foi alçado à Casa Civil por Bolsonaro justamente para cooptar o Centrão e assumiu o comando - e o orçamento - de fato do governo federal, enquanto o ex-presidente fazia viagens e motociatas eleitoreiras pelo país afora. Com Arthur Lira (PP-AL) articulou o chamado "orçamento secreto" e transferiu o controle dos recursos da União para o relator do orçamento, escolhido por eles, implodindo qualquer projeto de governo e abrindo espaço para a corrupção nas bases eleitorais.

Na entrevista, o presidente do PP não descarta nem mesmo a adesão do xará, Ciro Gomes, que vice crise com o PDT e tem sido cortejado pela sua sigla no Ceará.

"Ciro é um grande amigo, sou admirador, mas isso é uma discussão do estado e eu não tratei isso com ele", disse, ao ser indagado se o pedetista pode "migrar" para o PP.

Ainda sobre 2026, Nogueira diz que chegou a fazer uma pesquisa à Presidência com o próprio nome, além de  Tereza Cristina (senadora do PP), do (Ronaldo) Caiado (governador de Goiás, do União), do Ratinho Jr. (governador do Paraná, do PSD). E concluiu que precisa costurar o apoio de Bolsonaro a Tarcísio para que a candidatura anti-Lula tenha êxito.

"O melhor candidato hoje, pelas pesquisas, é o Tarcísio, se ele for capaz de aglutinar esses partidos. Mas isso depende da articulação dele e também do apoio do presidente Bolsonaro", diz, baseando-se na pesquisa feita por ele.  "Todos ali têm um porcento e qualquer um vai para 30 pontos com o apoio do Bolsonaro. A força eleitoral dele é muito grande".

Indagado se comunga do mesmo sentimento que Costa Neto, de que o bolsonarismo precisa se aproximar do Centrão, Nogueira cita o "resultado das urnas" nas eleições municipais.

"O grande vencedor dessa eleição não foi o PL, foi o centro como um todo. Se houver união com a direita, será majoritário na vontade popular, haja visto essas eleições".

Sobre Bolsonaro aceitar - ou não - o movimento rumo ao Centrão, Nogueira mostra que o ex-presidente não tem escolha.

"Converso muito com ele, sou um grande aliado, mas ele não segue minhas orientações em tudo. Se tivesse seguido, ele estaria comemorando três mil prefeitos, em vez de 550", diz, em recado ao ex-presidente.