BRASIL PARALELO

Brasil Paralelo: Guilherme Freire é acusado de assédio sexual e moral

Jovem, que na época tinha 18 anos, relata comentários do bolsonarista sobre sua aparência e ameaças de demissão caso ela não fizesse o que ele queria

Guilherme Freire.Créditos: Reprodução de Vídeo
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Guilherme Freire, influenciador conservador e ex-diretor da produtora de extrema direita Brasil Paralelo é acusado de assédio moral e sexual por uma ex-colega de trabalho. A ação indenizatória foi protocolada por ela no último dia 2 deste mês na Justiça de São Paulo.

A vítima, Catarina Torres, afirma que os episódios ocorreram no final de 2021. Na época, ela estava com 18 anos e foi trabalhar com Marketing na produtora Brasil Paralelo. Freire era então o diretor de conteúdo.

Segundo ela, Freire teve "comportamentos repetidos e invasivos" e tentativa de manipulação.

"Passou a frequentemente chamá-la para conversas privadas, nas quais fazia comentários sobre sua aparência e comportamento, sempre mascarados como se fossem ‘conselhos paternais’, mas com uma conotação de controle e intimidação e, ao mesmo tempo, buscando seduzir a autora com sua alta reputação e posição social", diz trecho do processo.

Ela afirma ainda, através da sua defesa, que Freire a ameaçava de demissão, caso ela não fizesse o que ele pedia. Ela conta que o influenciador tentou pegar a sua mão e, após negativa, insistiu, dizendo que ela precisava confiar nele como um mentor.

Catarina contou à Folha de S.Paulo que "ele não tinha interesse que eu trabalhasse melhor. Nunca foi nesse sentido a conversa. Sempre foi no sentido de ficar sozinha com ele para ir ficar bem na empresa. (...) O que ele queria ter era um romance. Ele falava muito de mim, da minha personalidade, da minha aparência".

Ela diz ter feito dois boletins de ocorrência em São Paulo, um anônimo, em setembro de 2022, e outro em março de 2023, mas nunca foi chamada para depor.

"Hoje é reconhecido [na Justiça] que existe uma disparidade de gênero, e que esses crimes são feitos por não deixar vestígio. Eu tenho consciência de que isso pode não acontecer no meu caso. Mas eu quero tentar que seja reconhecido", revela.

Os advogados de Catarina alegam dano de natureza moral, psicológica e material.

"Suas atitudes incluíram manipulação emocional, intimidação, chantagem, invasão de privacidade e humilhação pública", diz o processo.

Os advogados pedem R$ 200 mil por danos morais, R$ 17,5 mil por danos materiais, R$ 170 mil por lucros cessantes (considerado aquilo que a vítima deixa de ganhar) e mais R$ 5.000 de pensão vitalícia.

Catarina trabalhou na Brasil Paralelo de 20 de setembro a 28 de outubro.

Antes de trabalhar na Brasil Paralelo, Freire foi secretário adjunto na Secretaria Nacional de Juventude do governo Bolsonaro, entre janeiro e maio de 2019. Ele também trabalhou no governo de Ratinho Jr. (PSD), no Paraná.

Outras mulheres relatam assédio

Nos autos, há áudios e conversas de WhatsApp que sugerem a existência de ao menos mais três possíveis vítimas que relatam experiências semelhantes com Freire. Uma delas diz que ele tentou beijá-la sem consentimento e que a direção da Brasil Paralelo tomou conhecimento dos abusos e decidiu demitir o influenciador em agosto de 2022. Até o momento, essas outras mulheres não formalizaram processos contra Freire.

O que diz Freire

Freire deixou a produtora em agosto de 2022. A seguir, ele abriu duas empresas em que dá aulas de filosofia e tradicionalismo.

"Esclarecemos que o processo é baseado em calúnias e corre em segredo de Justiça. Todos os comentários, provas e defesas serão feitos no âmbito correto, em juízo, onde será provada inocência de Guilherme Freire", disse o seu advogado, em nota.

O processo, que era público até o final da semana passada, entrou em sigilo após repercussão nas redes sociais.

Com informações da Agência Pública.