Inconformado com o revés que sofreu em sua tentativa de abrir uma CPI na Câmara Municipal de São Paulo para perseguir o padre Júlio Lancellotti, que lidera a Pastoral do Povo da Rua, o vereador bolsonarista Rubinho Nunes (União Brasil) agora saiu com um novo ataque ao religioso. Ele afirma ter recebido “novas e graves denúncias” contra o sacerdote que cuida dos sem-teto da capital paulista. É o que reporta a coluna da jornalista Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo.
“Recebi denúncias graves e solicitei a peritagem do material. Depois que eu tiver laudo de especialistas atestando a veracidade (do tal conteúdo) é que eu vou levar o caso às competências superiores”, disse Rubinho, que amarga a derrota política de ter visto oito assinaturas terem sido retiradas de sua proposta de CPI disfarçada, que pretendia mirar padre Júlio, agora inviabilizada.
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“Do contrário, todo o material será destruído, para que ninguém tenha acesso. Não tenho interesse em prejudicar a imagem de ninguém, muito menos da Igreja Católica, pela qual tenho profundo respeito”, disse ainda o bolsonarista, que até o fim do ano passado era um quadro “de destaque” do MBL, um pequeno grupo pseudoliberal de extrema direita cujas lideranças já foram acusadas de fazer turismo sexual com refugiadas da guerra da Ucrânia, após o vazamento de áudios escatológicos.
Quem parece estar disposto a entrar na sanha persecutória de Rubinho é o presidente da Câmara de São Paulo, vereador Milton Leite (União Brasil). Numa fala esdrúxula e desconectada do ordenamento jurídico, Leite disse que “mandou tudo para o Vaticano”, para a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e para o Ministério Público de São Paulo.
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“Peço um pouco de paciência. Vou aguardar que a primeira denúncia contra o padre chegue ao Vaticano, que está sendo providenciada. Tanto lá quanto no Ministério Público estadual (de SP) e na CNBB”, afirmou à coluna da Folha o chefe do Legislativo paulistano.
“Quando as denúncias contra ele, que são de extrema gravidade, forem protocoladas, vou me manifestar. Até lá, eu vou aguardar a reunião do colégio de líderes”, completou Leite.
As tais “novas e graves denúncias”, no entanto, estariam relacionadas a um caso já bem conhecido de sabotagem e mentiras propagado pelo tal MBL em 2022. O clubinho de liberais que vive da vida política, conforme mostrou uma matéria da revista Piauí, usou um perfil falso para gerar acusações de pedofilia contra o padre responsável pela Pastoral do Povo da Rua.
A intenção do plano monstruoso e imoral era dar força política para o então deputado estadual Arthur Do Val, conhecido pela alcunha de Mamãe Falei, um dos “chefões do MBL”, que pretendia disputar a prefeitura de São Paulo este ano. No entanto, Do Val foi cassado pela Assembleia Legislativa de São Paulo após aparecer contando em áudios suas preferências sexuais usando como parâmetro as mulheres ucranianas que fugiam da guerra e viviam como refugiadas em países vizinhos, durante uma viagem “humanitária” que ele fez à nação em conflito, acompanhado de um outro “líder” do tal MBL, que, segundo o próprio Mamãe Falei, ia muito ao Leste Europeu para fazer um tipo de turismo sexual apelidado de “tour the blonde”.