O deputado federal bolsonarista Carlos Jordy (PL-RJ), um dos alvos da 24ª etapa da Operação Lesa Pátria, conduzida pela PF por determinação do Supremo Tribunal Federal, mantinha contato com um radical de extrema direita perigoso enquanto ele estava foragido após uma ordem de prisão ter sido expedida pela Justiça no âmbito dos inquéritos que investigam os atos golpistas do 8 de janeiro de 2023.
O despacho do ministro Alexandre de Moraes, do STF, que determinou os mandados de busca e apreensão, os investigadores da Polícia Federal salientam que Jordy mantinha estreitíssima relação com Carlos Victor de Carvalho, um radical de Campos dos Goytacazes (RJ) suspeito de envolvimento em vários atos golpistas, inclusive os de 8 de janeiro, e que também administrava 15 grupos de WhatsApp de extrema direita dando diretrizes para as ações criminosas que pretendiam culminar com um golpe de Estado no país.
Te podría interesar
Carvalho tinha um mandando de prisão expedido pelo STF e mantinha-se foragido da Justiça semanas após os ataques em Brasília, enquanto trocava mensagens com o parlamentar extremista alvo da PF esta manhã. Para as autoridades, o que se espera de um deputado, que é um agente público, é que ao tomar conhecimento do paradeiro de um suspeito de crime, comunique imediatamente a polícia.
“Fato que contribui com a sustentação da linha investigação de participação do parlamentar, é que no dia 17/01/2023, quando CVC encontrava-se foragido, CARLOS JORDY faz contato telefônico com aquele. Sendo que, como parlamentar, representante da população brasileira, ao tomar conhecimento do destino do foragido seu dever como agente público seria comunicar imediatamente a autoridade policial”, diz o documento assinado por Moraes.
Te podría interesar
Ainda segundo o despacho, Carvalho fazia consultas a Jordy sobre como agir em suas condutas criminosas e golpistas. Ele é um dos acusados de promover bloqueios de rodovias no estado do Rio de Janeiro e, na data de um desses atos ilegais, comunicou-se com o deputado federal bolsonarista “para pedir orientação”.
“Entretanto, o que esta autoridade policial julga mais grave, é que o vínculo entre o parlamentar e o apoiador não seja apenas para fins políticos partidários, mas também com a intenção de ordenar a prática de crimes contra o Estado de Direito. Tal linha investigativa foi levantada, quando CARLOS VICTOR, no dia 01/11/2022, remete uma mensagem ao parlamentar”, assinala o texto.
O diálogo ao qual a PF se refere segue abaixo:
Carvalho – “Bom dia meu líder. Qual direcionamento você pode me dar? Tem poder de parar tudo.”
Jordy – “Fala irmão, beleza? Está podendo falar aí?”
Carvalho – “Posso irmão. Quando quiser pode me ligar”
Os investigadores ressaltam que foi justamente neste dia, em que Carvalho pediu orientação quanto a condução de bloqueios de estradas, que ocorriam fechamentos de vias pelo Brasil e, em especial, no Rio.
“Vale lembrar que em tal data ocorria os bloqueios de rodovia em todo Brasil.1 inclusive em Campos, e tal diálogo em que CVC chama o parlamentar de meu líder, pedindo direcionamento quanto "parar tudo", levanta fortes suspeitas da participação de CARLOS JORDY nos atos que aqui ocorreram”, mostra ainda a investigação da PF considerada pelo ministro Alexandre de Moraes em sua autorização para busca e apreensão na residência e no gabinete parlamentar de Jordy.