A decisão do ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), que invalida provas do acordo de leniência da Odebrecht e diz que a prisão de Lula foi "armação fruto de um projeto de poder" foi usada por Janja Lula da Silva para alfinetar o ex-juiz e atual senador Sergio Moro e o ex-procurador e deputado cassado Deltan Dallagnol, que serão investigados pela força-tarefa da Advocacia-Geral da União por eventuais desvios e abusos na condução da operação.
Em tuite curto nas redes sociais, a esposa de Lula ainda mirou apoiadores da Lava Jato, incluindo jornalistas e comentaristas da mídia liberal que defenderam durante anos a operação - alguns recebendo informações diretamente da Lava Jato - e buscavam justificar de alguma forma a decisão de Toffoli.
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"Minha televisão está desde de manhã vertendo lágrimas. A de vocês também?", escreveu Janja, lançando um fina ironia sobre a tentativa dos lavajatistas de se defenderem.
Responsabilização criminal
Em entrevista à Fórum, o advogado e professor de direito constitucional Pedro Serrano avaliou que a decisão de Toffoli "claramente expõe a inconstitucionalidade e profunda ilegalidade das provas colhidas na Lava Jato por meios abusivos e também das leniências e das delações realizadas". "Ou seja, o processo como um todo foi fraudulento", analisa.
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Segundo Serrano, a próxima etapa do caso, neste momento, deve ser a responsabilização dos agentes envolvidos, entre eles Moro e Dallagnol, por conta dos desvios e abusos apontados pelo ministro do STF em seu despacho.
"Acho que agora o importante, como o próprio ministro aponta, é passar a responsabilização dos agentes pelos desvios e abusos. A União precisa agir para responsabilizar no campo civil os agentes que abusaram porque eles ocasionaram danos à União, e no campo criminal a Polícia Federal e o Ministério Público precisam apurar para verificar se houve crimes", pontua.
AGU
A Advocacia-Geral da União (AGU), logo após a decisão de Toffoli ser divulgada, anunciou a criação de uma força-tarefa para apurar desvios de agentes públicos no âmbito da operação Lava Jato.
De acordo com nota emitida pelo órgão, o objetivo é "apurar desvios de agentes públicos e promover a reparação de danos causados por decisões proferidas pelo Juízo da 13ª Vara Federal Criminal da Subseção Judiciária de Curitiba/PR, contra Luiz Inácio Lula da Silva, atual presidente da República, bem como por membros do Ministério Público Federal no âmbito da chamada 'Operação Lava Jato'".
A AGU também explica que a criação da força-tarefa para investigar desvios de conduta de Moro, Dallagnol e outros envolvidos na Lava Jato atende à determinação do ministro do STF.