TRAMA GOLPISTA

PF quer registros do Alvorada para apurar reuniões golpistas delatadas por Cid

Oficiais teriam se reunido com Bolsonaro para discutir detalhes de uma minuta golpista que tinha como objetivo sabotar a posse de Lula

O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.Créditos: Geraldo Magela/ Agência Senado
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Após ouvir a delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, que revelou uma série de reuniões do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para tratar de planos golpistas com oficiais das Forças Armadas, a Polícia Federal desconfia que essas reuniões tenham ocorrido no Palácio do Alvorada. Para apurar a suspeita, foi pedido ao Gabinete de Segurança Institucional (GSI) os registros de visitações à residência oficial.

Na imprensa foi divulgado que o pedido abrange as visitas ocorridas em um determinado período, que não foi confirmado. No entanto, tudo leva a crer que os dados se refiram aos meses de novembro de dezembro de 2022.

Com o resultado do segundo turno decretado em 30 de outubro pelo Tribunal Superior Eleitoral, apoiadores do ex-presidente rapidamente ocuparam rodovias em todo o país e armaram seus acampamentos nas portas de quarteis e unidades militares para protestar contra o resultado eleitoral, com forte discurso golpista e conspiratório. A novela se estendeu ao longo de novembro.

Em 12 de dezembro, quando Lula, o presidente eleito, era diplomado, uma onda de depredação e caos se instaurou em Brasília, contando com uma invasão à sede da PF por bolsonaristas. Em 24 de dezembro foi desbaratada uma tentativa de atentado terrorista no aeroporto de Brasília onde apoiadores do ex-presidente pretendiam explodir um caminhão de combustível aeronáutico.

Os dias então passavam com um clima de medo na capital e preocupações a respeito da posse de Lula em primeiro de janeiro. Mas foi no dia 8 de janeiro, uma semana após a cerimônia, que a última tentativa de desestabilização ocorreu.

De acordo com as investigações coletivas, feitas pela Polícia Federal, pela CPMI dos Atos Golpistas e pela imprensa como um todo, além da própria delação do ex-ajudante de ordens que também vai nesse sentido, Bolsonaro teria se reunido com oficiais das Forças Armadas e políticos aliados no período para tratar da trama golpista.

Delação de Mauro Cid

Cid delatou que oficiais teriam se reunido com Bolsonaro para discutir detalhes de uma minuta golpista – o plano era sabotar a posse de Lula em primeiro de janeiro. Vazadas a conta-gotas nas últimas semanas, as novas informações reveladas por Cid à PF causaram verdadeiro tsunami na cúpula das Forças Armadas e asfixiaram principalmente o ex-comandante da Marinha, o almirante Almir Garnier Santos.

Segundo Cid, Garnier teria embarcado prontamente na tramoia golpista proposta por Jair Bolsonaro em reunião secreta com os comandantes das Forças Armadas. Servil ao ex-presidente, a quem devia favores, o marinheiro teria colocado a tropa à disposição do golpe, cobiçando surfar no mesmo enredo do vice-almirante Augusto Rademaker, que, juntamente com o general Costa e Silva e o tenente-brigadeiro Correia de Melo, compôs a tríade que decretou o Ato Institucional nº 1 em 9 de abril de 1964.