Escanteado quando vice-presidente por Jair Bolsonaro (PL), o general da reserva Hamilton Mourão (Republicanos-RS), que hoje ocupa uma cadeira no Senado, classificou como "mero blá blá blá" a reunião do ex-presidente com os comandantes das Forças Armadas para pedir apoio a um golpe após a derrota nas eleições para Lula.
Em entrevista ao jornal O Globo, o senador que presidiu o Clube Militar do Rio de Janeiro - um dos principais polos golpistas do país - usa a tese estapafúrdia de comprar a tentativa de golpe com a tentativa de homicídio e minimiza a reunião em que Bolsonaro recebeu o aval para o golpe do almirante Almir Garnier, comandante da Aeronáutica.
Te podría interesar
"Vão dizer que uma tentativa de homicídio tem que ser punida, mas uma investida de golpe é diferente de homicídio. No caso de quase assassinato, eu te dou um tiro e erro. Uma tentativa de golpe seria o quê? A Força Armada sair para a rua e ser derrotada, a exemplo do que ocorreu na Turquia. Isso não aconteceu no Brasil. Se for verdade a delação do Mauro Cid sobre essa suposta reunião, o que houve foi uma discussão. Segundo ele, uns disseram que eram contra e outro disse que era a favor", afirmou.
Em seguida, Mourão voltou ao tema e classificou a conversa como 'mero blá blá blá".
Te podría interesar
"Quando Juscelino (Kubitschek) foi eleito, vivíamos um processo tumultuado por causa da morte do Getúlio (Vargas). Na ocasião, houve três presidentes interinos e duas tentativas de golpe para impedir a posse do Juscelino: Jacareacanga, Aragarças. Todas foram revoltas de militares da Força Aérea. Ali realmente você teve uma investida. Agora o que há é um mero blá-blá-blá…".
Mourão disse ainda que não vê "culpa" das Forças Armadas pelo 8 de janeiro e diz que os atos golpistas que destruíram as sedes dos três poderes foi apenas uma "baderna".
"As Forças Armadas sempre estão agindo dentro da legalidade, legitimidade e mantendo a estabilidade do país. Ela não foi fator de instabilidade. O que ocorreu foi o seguinte: um grupo de baderneiros achou que, fazendo uma baderna naquele domingo, 8 de janeiro, algo iria mudar no Brasil. Muito pelo contrário, não mudou nada".
Por fim, o senador elogiou o ministro da Defesa de Lula, José Múcio Monteiro, que tem se colocado como porta-voz das Forças Armadas e atacou Flávio Dino, dizendo que o ministro da Justiça "fala demais".
"As Forças Armadas são um conjunto muito grande. Não é a ação isolada de um ou outro elemento que pode caracterizar uma ação da caserna. Vejo o ministro Múcio (Monteiro, da Defesa) trabalhando bem nesse sentido, mas temos um complicador, que é o ministro (Flávio) Dino (Justiça). Ele fala demais".