CASERNA

"Blá blá blá": Mourão minimiza reunião golpista de Bolsonaro com militares e elogia Múcio

Em entrevista, general que foi escanteado por Bolsonaro na vice-presidência atacou Flávio Dino, dizendo que o ministro da Justiça "fala demais".

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Escanteado quando vice-presidente por Jair Bolsonaro (PL), o general da reserva Hamilton Mourão (Republicanos-RS), que hoje ocupa uma cadeira no Senado, classificou como "mero blá blá blá" a reunião do ex-presidente com os comandantes das Forças Armadas para pedir apoio a um golpe após a derrota nas eleições para Lula.

Em entrevista ao jornal O Globo, o senador que presidiu o Clube Militar do Rio de Janeiro - um dos principais polos golpistas do país - usa a tese estapafúrdia de comprar a tentativa de golpe com a tentativa de homicídio e minimiza a reunião em que Bolsonaro recebeu o aval para o golpe do almirante Almir Garnier, comandante da Aeronáutica.

"Vão dizer que uma tentativa de homicídio tem que ser punida, mas uma investida de golpe é diferente de homicídio. No caso de quase assassinato, eu te dou um tiro e erro. Uma tentativa de golpe seria o quê? A Força Armada sair para a rua e ser derrotada, a exemplo do que ocorreu na Turquia. Isso não aconteceu no Brasil. Se for verdade a delação do Mauro Cid sobre essa suposta reunião, o que houve foi uma discussão. Segundo ele, uns disseram que eram contra e outro disse que era a favor", afirmou.

Em seguida, Mourão voltou ao tema e classificou a conversa como 'mero blá blá blá".

"Quando Juscelino (Kubitschek) foi eleito, vivíamos um processo tumultuado por causa da morte do Getúlio (Vargas). Na ocasião, houve três presidentes interinos e duas tentativas de golpe para impedir a posse do Juscelino: Jacareacanga, Aragarças. Todas foram revoltas de militares da Força Aérea. Ali realmente você teve uma investida. Agora o que há é um mero blá-blá-blá…".

Mourão disse ainda que não vê "culpa" das Forças Armadas pelo 8 de janeiro e diz que os atos golpistas que destruíram as sedes dos três poderes foi apenas uma "baderna".

"As Forças Armadas sempre estão agindo dentro da legalidade, legitimidade e mantendo a estabilidade do país. Ela não foi fator de instabilidade. O que ocorreu foi o seguinte: um grupo de baderneiros achou que, fazendo uma baderna naquele domingo, 8 de janeiro, algo iria mudar no Brasil. Muito pelo contrário, não mudou nada".

Por fim, o senador elogiou o ministro da Defesa de Lula, José Múcio Monteiro, que tem se colocado como porta-voz das Forças Armadas e atacou Flávio Dino, dizendo que o ministro da Justiça "fala demais".

"As Forças Armadas são um conjunto muito grande. Não é a ação isolada de um ou outro elemento que pode caracterizar uma ação da caserna. Vejo o ministro Múcio (Monteiro, da Defesa) trabalhando bem nesse sentido, mas temos um complicador, que é o ministro (Flávio) Dino (Justiça). Ele fala demais".