Júlia Zanatta (PL-SC), a deputada federal bolsonarista que ficou famosa após posar com um fuzil para as redes sociais e ser acusada de fazer uma ameaça velada ao presidente Lula (PT) na postagem, foi derrotada no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados. Por 10 votos a 5, foi rejeitada na última quarta-feira (27) a ação que Zanatta e seu partido moviam contra o deputado Márcio Jerry (PCdoB-MA) acusando-o de importunação sexual.
Em 11 de abril, Zanatta e a deputada Lídice da Mata (PSB-MA) discutiam após sessão da Comissão de Segurança Pública que ouviu o ministro Flavio Dino, quando Jerry se aproximou da bolsonarista por trás e disse em seu ouvido: “respeita 40 anos de mandato”, referindo-se a da Mata. O PL entendeu que Jerry teria cometido importunação sexual contra a parlamentar e pediu sua cassação.
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O momento foi filmado e usando dois frames (quadros congelados de uma imagem registrada em vídeo), a deputada e outros parlamentares de extrema direita, como Eduardo Bolsonaro (PL-SP), Paulo Bilynskyj (PL-SP) e Carlos Jordy (PL-RJ), passaram a fazer postagens nas redes sociais acusando o deputado Márcio Jerry (PCdoB-MA) de ter assediado a representante armamentista catarinense.
Pelas duas imagens paralisadas e colocadas lado a lado, a impressão é a de que Jerry encosta e coloca a cabeça no “cangote” de Júlia Zanatta, mas ao assistir à cena em vídeo fica claro que ele apenas se aproxima da colega, não a toca em momento algum, e diz claramente uma frase de caráter político defendendo a colega parlamentar Lídice da Mata (PSB-BA), que era hostilizada aos berros pela bolsonarista.
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Em entrevista ao Fórum Café dois dias depois, o deputado Reimont (PT-RJ) detalhou o caso. Reimont estava no momento da ação, e afirmou que, naquela, a deputada bolsonarista continuou discutindo normalmente com Jerry. De acordo com o petista, foi somente depois da montagem nas redes sociais que a discussão sobre assédio começou a pipocar.
Horas depois, na mesma data, o Fórum Onze e Meia recebeu Márcio Jerry, que falou mais sobre o episódio. “Em primeiro lugar, eu lamento muito que esse gabinete do ódio tenha deflagrado essa fake news que é tão grave contra mim", iniciou Jerry. "É uma armação grosseira para desestabilizar a base do presidente Lula", completou.
A armação teria o objetivo de atingir o ministro da Justiça Flávio Dino, próximo de Jerry. Dino se tornou um dos maiores alvos da oposição por ter comandado a repressão à tentativa de golpe de 8 de janeiro e por tentar limitar o uso de armas no Brasil. Por outro lado, Zanatta é uma conhecida militante armamentista.