O Ministério da Defesa, de José Múcio, preparou uma minuta para autorizar Operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) em Brasília no último dia 8 de janeiro, quando apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tentaram iniciar um golpe de estado ao invadirem e depredarem as sedes dos três poderes da República. No entanto, o documento não saiu do papel, uma vez que para o presidente Lula (PT), assinar a GLO seria o mesmo que 'consumar o golpe', pois daria às Forças Armadas o controle da capital federal em momento que as tropas viviam o ápice da politização bolsonarista.
A nova revelação foi obtida pela CPMI dos Atos Golpistas após a quebra de sigilo telemático do capitão de fragata Elço Machado Neves, da Marinha, à época lotado na Chefia de Operações Conjuntas do Ministério da Defesa. A minuta de Múcio foi encontrada no e-mail do oficial e revelada nesta quarta-feira (27) pelo jornal O Globo.
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Elço estava no cargo desde fevereiro de 2022. A portaria que autorizava sua dispensa da Marinha foi assinada pelo almirante Almir Garnier Santos, o mesmo que foi delatado por Mauro Cid como um dos entusiastas que embarcou, sem pensar duas vezes, na aventura golpista de Bolsonaro.
Uma minuta de GLO, se assinada pelo presidente da República, autoriza operação das Forças Armadas em determinada localidade, podendo haver uso da força. De acordo com o jornal, o documento previa dar poder para que as tropas atuassem na Esplanada dos Ministérios ocupada pelos bolsonaristas entre 8 e 10 de janeiro, com raio de atuação definido pelo Ministério da Defesa.
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À imprensa, o Ministério da Defesa afirma que a minuta foi redigida como uma possibilidade de acionamento das Forças, o que é amparada pela Lei Complementar 97/99. Na nota da pasta, é reforçado o fato de que a GLO só entra em vigor se obtiver a assinatura do presidente. A informação foi frisada, pois em 8 de janeiro, Múcio estava a apenas uma semana no Ministério da Defesa.
Muito criticado pela própria esquerda por conta de sua aproximação com os militares, muitas vezes acusado de contemporizar com escândalos oriundos das forças, José Múcio chegou ao Ministério da Defesa com a monumental tarefa de aproximar o novo governo de esquerda dos militares, após quatro anos de politização a favor do governo anterior.