VIA WHATSAPP

Mauro Cid a Wajngarten, quando escândalo das joias veio à tona: "Pior que está tudo documentado"

Troca de mensagens inédita mostra desespero do ex-ajudante de ordens e do ex-secretário de Comunicação de Bolsonaro ao saberem que esquema criminoso foi divulgado pela imprensa

Revelada troca de mensagens inéditas entre Mauro Cid e Fábio Wajngarten sobre escândalo das joias.Créditos: Agência Senado/Divulgação
Escrito en POLÍTICA el

Dois dias após os depoimentos simultâneos à Polícia Federal (PF) dos envolvidos no escândalo das joias, uma troca de mensagens inédita entre o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, e Fábio Wajngarten, ex-secretário de Comunicação e advogado do ex-presidente, foi divulgada pela imprensa e pode implicar ainda mais os investigados. 

Neste sábado (2), a jornalista Juliana Dal Piva, do portal UOL, publicou trechos de uma conversa via WhatsApp, travada em março deste ano, em que Cid e Wajgarten demonstram desespero ao ficarem sabendo da primeira reportagem, divulgada pelo jornal Estadão, que trouxe à tona o caso do conjunto milionário de joias que ficou apreendido na Receita Federal do Aeroporto de Guarulhos (SP).

Na troca de mensagens, Cid envia a Wajngarten a matéria em questão sobre o kit com colar e brincos de diamantes, avaliado em R$ 5 milhões, que o ex-ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, tentou fazer entrar no Brasil de forma irregular após uma viagem à Arábia Saudita e que Bolsonaro, em dezembro de 2022, tentou incorporar ilegalmente ao seu acervo pessoal antes de viajar aos Estados Unidos. 

Ao ver a reportagem, Wajngarten dispara: "Eu nunca vi tanta gente ignorante na minha vida". Cid, por sua vez, dá uma resposta sinalizando que tinha ciência da ilegalidade do esquema. 

"Difícil mesmo. O pior é que está tudo documentado", escreveu. 

O ex-secretário de Comunicação, então, pergunta de que forma estaria tudo documentado, ao que o ex-ajudante de ordens responde com uma série de mensagens que, posteriormente, foram apagadas

Tanto a defesa de Cid quanto Wajngarten foram procurados pela imprensa para comentar as mensagens até então desconhecidas, mas nenhum dos dois se pronunciou sobre o assunto. 

A nova versão da defesa de Cid 

Nesta sexta-feira (1), um dia após depoimento de Mauro Cid à Polícia Federal, o advogado do ex-ajudante de ordens, o criminalista tarimbado Cezar Bittencourt, contrariou o que foi publicado na imprensa mais cedo e disse que seu cliente “assumiu tudo” e não comprometeu o chefe ao longo das mais 9 horas em que conversou com os federais.

“Estão colocando palavras que não têm no depoimento. Acusações ao Bolsonaro não existem. Falou-se das joias, da compra das joias. O Cid assumiu tudo, não colocou Bolsonaro em nada. Não tem nenhuma acusação de corrupção ou envolvimento suspeito de Bolsonaro”, disse Bittencourt em áudio ao g1.

“O dinheiro que o Cid pegava para pagar contas do então presidente, hoje ex-presidente, eram os R$ 50 mil, que parece que era o que ele ganhava, e os R$ 20 mil da aposentadoria. Era esse dinheiro que ele recebia. Dinheiro que ia pagando. Porque ele não gosta de cartão de crédito, não tem cartão de crédito. Mas não tem nada além disso”, explicou o advogado.

Fontes da Polícia Federal, entretanto, têm repassado à imprensa que Mauro Cid estaria fornecendo aos investigadores detalhes sobre a participação de cada um dos investigados no esquema e que o ex-ajudante de ordens, inclusive, estaria cogitando celebrar um acordo de delação premiada. A PF classifica o grupo como uma organização criminosa liderada por Jair Bolsonaro. 

Além de Jair, Michelle Bolsonaro e Cid, também foram convocadas para prestar depoimento à Polícia Federal na última quinta-feira (31) outras cinco pessoas: Mauro Lourena Cid, general da reserva, colega de Bolsonaro na Aman (Academia Militar das Agulhas Negras) e pai de Mauro Cid; Fraderick Wassef, advogado de Bolsonaro; Fábio Wajngarten, ex-Secom e atual assessor de Bolsonaro; Marcelo Câmara e Osmar Crivelatti, militares que serviram na Ajudância de Ordens do ex-presidente. As oitivas foram realizadas de forma simultânea em Brasília e São Paulo.

O casal Bolsonaro, Wajngarten e Câmara guardaram silêncio durante seus depoimentos.