A edição deste domingo (18) do Fantástico, da TV Globo, expôs a extensa ficha criminal de Aécio Lúcio Costa Pereira, primeiro apoiador de Jair Bolsonaro (PL) condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) pelos atos golpistas de 8 de Janeiro.
O bolsonarista foi síndico por 8 anos do condomínio onde mora em Diadema, no ABC Paulista, e tem ao menos 10 boletins de ocorrências, que vão desde injúria e calúnia até casos de homofobia, intolerância religiosa e furto.
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A ocorrência de furto aconteceu quando o bolsonarista arrancou o aparelho telefônico da mãos de uma moradora, em 2018, e não devolveu mais.
Já um outro morador, identificado como Vando Estrela, relata uma rotina de ataques homofóbicos. Ele e Aécio chegaram a ser amigos, mas o bolsonarista rompeu a relação após descobrir que o vizinho era de esquerda.
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"Falando em bichona, ó, estou trabalhando aqui, ó, aqui ó acabei de escrever com a wap. Ó que linda bicha com X porque todo comunista é analfabeto. Vai descansar que eu estou trabalhando. Fica sossegado viu? Estou cuidando do seu bem. Vai dormir vai, vai. Bom sono viu? Bom sonho", diz um dos relatos.
“A questão foi quando veio o viés político, quando ele percebeu que eu sou de esquerda, aí ele ficou irritado com isso e a gente travou muitas discussões por questões ideológicas. Me chamava de bichona. Ele ofendeu a todas as mulheres que moram nesse condomínio de bruxa velha, de laranja podre”, contou Vando.
Aécio é casado e pai de dois filhos e foi demitido da Sabesp, onde trabalhou por 28 anos, após protagonizar as cenas de destruição nos atos golpistas.
Condenação
O Supremo Tribunal Federal (STF) condenou na quinta-feira (14) três apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) que se tornaram réus por conta dos ataques que depredaram as sedes dos três poderes em Brasília em 8 de janeiro.
O trio foi condenado por cinco crimes relativos ao episódio: tentativa de golpe de Estado, associação criminosa armada, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, dano qualificado e deterioração do patrimônio tombado.
Aécio Lúcio Costa e Matheus Lima Carvalho Lázaro foram condenados a 17 anos de prisão, enquanto Thiago Mathar recebeu pena de 14 anos. Dos 11 ministros do STF, apenas Nunes Marques não viu crimes contra a democracia na conduta dos réus e propôs penas apenas para dano qualificado e deterioração do patrimônio tombado. Os outros ministros condenaram o trio pelos cinco crimes listados, e a maioria seguiu o relator Alexandre de Moraes.
"Isso é crime"
De acordo com a Procuradoria-Geral da República, Aécio Lúcio Costa foi acusado de destruir bens e instalações do Congresso Nacional. Em depoimento, alegou que achava que a manifestação seria pacífica e desarmada, além de ter negado o cometimento dos crimes.
"Não existe aqui liberdade de manifestação para atentar contra a democracia, pedir o ato institucional número 5, pedir a volta da tortura, pedir a morte dos inimigos políticos, os comunistas, ou pedir intervenção militar. Isso é crime", pontuou o ministro Alexandre de Moraes na sentença de Aécio.
Aécio Lúcio Costa Pereira é ex-funcionário da Sabesp (companhia de saneamento de São Paulo) preso em flagrante dentro do Congresso pela Polícia do Senado.
Confira os detalhes do voto pela condenação feito por Moraes:
- associação criminosa armada: 2 anos;
- abolição violenta do Estado Democrático de Direito: 5 anos e 6 meses;
- golpe de Estado: 6 anos e 6 meses;
- dano qualificado pela violência: 1 ano e 6 meses e 50 dias de multa
- deterioração de patrimônio tombado: 1 ano e 6 meses e 50 dias de multa;
- Por fim, Aécio pagaria mais de R$ 44 mil de multas além de ficar 15 anos e seis meses em regime fechado e um ano e meio em regime aberto. Também pagará indenização de R$ 30 milhões por danos morais coletivos em conjunto com os outros réus.