O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), fez declarações curiosas em entrevista liberada pela Folha de São Paulo na noite deste sábado (16). Pré-candidato à reeleição para 2024, o governante falou sobre sua intenção de obter o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a quem afirmou considerar um democrata, sobre seu rival na próxima eleição, Guilherme Boulos (PSOL) e avaliou sua gestão até aqui.
No último dia 31, a primeira pesquisa Datafolha para as eleições à prefeitura de São Paulo mostrou que o atual prefeito está perdendo para Boulos nas intenções de voto. O psolista tem 32%, enquanto o atual prefeito, apenas 24%.
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Elogios a Bolsonaro
Em meio à perspectiva de derrota, Ricardo Nunes busca apoio de Bolsonaro. O prefeito considera o investigado por golpismo um “democrata”. Ele afirma ainda ter “gratidão” pelo que o ex-presidente fez pela cidade.
“O que eu percebi do presidente Bolsonaro sempre foi um posicionamento de seriedade, de não ser uma pessoa envolvida com coisas erradas, de ser uma pessoa correta”, disse.
Mesmo assim, o prefeito diz não ter padrinhos políticos e que baseará sua campanha em sua própria história de vida. Ele avalia a eleição presidencial do ano passado como “muito polarizada” e diz que "a eleição municipal não vai ter essa discussão de polêmica.”
Em relação ao atual governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), o prefeito também não poupou elogios. “Gosto muito dele, ele tem um estilo parecido com o meu. É um cara ponderado, focado, não é extremista”, disse e desconversou ao ser perguntado se receberia o seu apoio.
Ataque à Boulos
Nunes espera obter o apoio de “um conjunto de pessoas que entendem que essa frente é importante contra o que a gente entende ser a extrema esquerda”. O alvo principal estaria representado na figura de Guilherme Boulos, pré-candidato que lidera as pesquisas de intenção de voto até aqui.
O prefeito insinuou que Boulos finge ser da periferia e afirmou que ele não dialoga com todos os setores. “Eu nunca invadi nada de ninguém, nunca depredei nada de ninguém”, disse, referenciando o Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), ao qual o deputado federal é ligado.
Defesa da gestão
O prefeito avalia que sua gestão foi atrapalhada pela pandemia e pela polarização entre Lula e Bolsonaro. “Eu ia inaugurar uma escola e vocês [da imprensa] iam me entrevistar sobre vacina, leitos, mortes”, explicou. Para Nunes, sua principal contribuição foi “consolidar a saúde financeira” de São Paulo.
Perguntado sobre uma das principais polêmicas de seu governo, o modo como tem lidado com a questão da cracolândia, Nunes afirmou que “as coisas já estão melhores”. Atualmente, as pessoas em situação de rua, que antes se concentravam em um só local, foram espalhadas pelo centro da cidade, provocando pânico na população.
“As coisas já estão melhores. Em 2015, eram 4.000 usuários. Hoje tem mil e poucas pessoas, mais de 2.000 em tratamento. O que a gente tem que fazer? Continuar insistindo e fazer ações para diminuir a oferta de crack lá, que é com a prisão de traficantes”, afirmou Ricardo Nunes.