O ministro Gilmar Mendes, decano do Supremo Tribunal Federal, publicou um tuíte devastador e indignado, dirigido à Polícia Rodoviária Federal, após a confirmação neste sábado (16) da morte da menina Heloísa dos Santos Silva, de 3 anos, baleada em uma ação recheada de brutalidade e imprudência realizada por agentes da PRF na Baixada Fluminense, no último dia 8, que dispararam contra o carro onde havia uma família de Petrópolis (RJ), sem qualquer explicação, e sem dar uma ordem de parada prévia.
Mendes relembrou duas situações bárbaras e absurdas protagonizadas pela PRF nos últimos tempos e que mostram o quanto a instituição foi contaminada, de forma profunda, pela violência bolsonarista, ainda que não tenha mencionado o nome do ex-presidente e de seu grupo ideológico.
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“Ontem, Genivaldo foi asfixiado numa viatura transformada em câmara de gás. Agora, a tragédia do dia recai na menina Heloisa Silva. Para além da responsabilização penal dos agentes envolvidos, há bem mais a ser feito. Um órgão policial que protagoniza episódios bárbaros como esses - e que, nas horas vagas, envolve-se com tentativas de golpes eleitorais -, merece ter a sua existência repensada. Para violações estruturais, medidas também estruturais”, disparou o ministro.
A postagem faz referência ao assassinato de Genivaldo de Jesus Santos, então com 38 anos, em maio de 2022. Ele foi colocado no compartimento traseiro de uma viatura da PRF, em Umbaúba (SE), quando então os policiais lançaram uma lata de gás lacrimogêneo no pequeno espaço. Mantido à força, se debatendo e gritando desesperado, dentro do chamado ‘xilindró’, o homem, que era esquizofrênico, inalou a fumaça química até morrer. Tudo ocorreu na frente de inúmeros moradores, em plena luz do dia, e foi filmado por testemunhas. Quanto ao golpismo acusado por Gilmar Mendes, o magistrado referiu-se aos já comprovados casos de tentativa de interferência nos dois turnos da última eleição presidencial, quando o então diretor-geral da PRF, Silvinei Vasques, um notório e submisso bolsonarista, determinou a realizações de bloqueios policiais nas rodovias federais do Nordeste para tentar dificultar a chegada dos eleitores de Lula (PT) às urnas.