Em entrevista a Monica Bergamo, da Folha de S.Paulo, antes de passar por ciruriga no Hospital Vila Nova Star, em São Paulo, Jair Bolsonaro (PL) culpou o governo do presidente Lula pelos atos golpistas desencadeados por apoiadores dele no 8 de janeiro e afagou o tenente coronel Mauro Cid, a quem diz tratar como filho, após o militar formalizar acordo de delação premiada com a Polícia Federal.
Na entrevista, realizada na segunda-feira (11) - Bolsonaro fez a cirurgia nesta terça -, o ex-presidente disse que "nosso pessoal sempre foi de paz" ao defender os golpistas presos por depredarem os edifícios do Supremo Tribunal Federal (STF), Congresso Nacional e Palácio do Planalto.
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"O 8/1 foi um movimento que, no meu entender, teve a participação do Poder Executivo [referindo-se ao governo Lula]. O nosso pessoal [apoiadores que se manifestavam durante seu governo] sempre foi de paz. Fez movimentos enormes no Brasil todo, e você não via uma cesta de lixo queimada, uma vidraça quebrada", disse.
Bolsonaro ainda alegou que fez uma publicação nas redes sociais dois dias depois dos atos questionando o resultando das eleições não para incitar apoiadores, mas por estar sob efeito de remédios.
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"Dei uma bobeada [ao postar uma mensagem na mesma época questionando o resultado das eleições, o que agora está sob investigação]. Eu estava internado, tinha tomado morfina [a defesa alega que isso fez com que ficasse confuso]. E fiz a postagem no dia 10, dois dias depois [do 8/1], quando tudo já tinha acabado. Então eu vejo que há uma obsessão de alguns de quererem me envolver".
Em seguida, Bolsonaro diz que Cid "era de confiança" e ajudava ele e a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, a "desenrolar os meus problemas".
"Um supersecretário de confiança. Fala inglês, é das forças especiais, é filho de um general da minha turma", afirmou, sobre Mauro Lourena Cid.
Bolsonaro ainda diz, concordando com um advogado seu que estava presente na entrevista, que Cid resolveu delatar por "esgarçamento emocional" por estar preso.
"O Cid é uma pessoa decente. É bom caráter. Ele não vai inventar nada, até porque o que ele falar, vai ter que comprovar. Há uma intenção de nos ligar ao 8/1 de qualquer forma. E o Cid não tem o que falar no tocante a isso porque não existe ligação nossa com o 8/1".
Ao final, Bolsonaro voltou a tentar causar comoção resgatando, mais uma vez, o episódio da facada na campanha de 2018, ao ser indagado se teria medo de morrer.
"Recebi agora imagens, inéditas para mim, de 2018 [quando levou uma facada], em que eu estava delirando [fica com lágrimas nos olhos]. Se eu tivesse morrido, não teria sentido nada. Então essa questão de vida, de morrer, não morrer, ela virá naturalmente. Só peço a Deus que, se for morrer um dia, eu morra sem sofrimento. Diferente do meu pai, que sofreu muito com um câncer. Então essa é a vida".