8 DE JANEIRO

30 milhões de multa, 17 anos de prisão: o voto de Moraes para condenar golpista do 8/1

Voto histórico do relator deve ser seguido por outros ministros do Supremo; veja vídeo

Alexandre de Moraes vota pela condenação de Aécio Lúcio Costa Pereira, ex-funcionário da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp)Créditos: Antonio Augusto/Secom/TSE
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O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes condenou Aécio Lúcio Costa Pereira, ex-funcionário da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), a 17 anos de reclusão e multa por participação ativa nos atos golpistas do 8 de janeiro.

“É extremamente grave a conduta de participar da operacionalização de concerto criminoso voltado a aniquilar os pilares essenciais do Estado Democrático de Direito e danos gravíssimos ao patrimônio público. Tudo porque não aceitou o resultado das eleições e por isso queria o fim da democracia com a prática de um golpe de Estado”, diz Moraes em trecho do voto.

Confira os detalhes do voto pela condenação feito por Moraes:

Por fim, Aécio pagaria mais de R$ 44 mil de multas além de ficar 15 anos e seis meses em regime fechado, além de um ano e meio em regime aberto. Resta o voto dos outros ministros.

Confira vídeo do voto de Alexandre de Moraes:

 

E os 30 milhões?

Os R$30 milhões de multas citados por Moraes farão parte de um pagamento coletivo entre todos os condenados pelos atos de 8 de janeiro. O valor será dividido entre os golpistas condenados.

O valor tem como base os gastos que os poderes tiveram para recuperar o dano ao patrimônio causado no 8 de janeiro, além de danos contra bens tombados de valor inestimável.

Mais de 1,4 mil foram presas logo após o 8 de janeiro por conta da tentativa de golpe contra Lula na data.

Voto histórico 

O voto de Alexandre de Moraes ficou marcado não somente por ser o primeiro envolvendo os golpistas do 8 de janeiro, mas também por conta de seu conteúdo.

O ministro do Supremo Tribunal Federal fez uso de alegorias marcantes (e um sarcasmo ímpar) para argumentar em favor da condenação de Aécio.

"Às vezes o terraplanismo e o negacionismo de algumas pessoas faz parecer que no dia 8 de janeiro tivemos um domingo no parque. Então as pessoas vieram, pegaram uma tíquete, entraram uma fila, assim como fazem no Hopi Hari, na Disney. "Agora vamos invadir o Supremo, agora o Palácio do Planalto. Agora vamos orar na cadeira do presidente do Senado"" ironizou o ministro.

Ele ressaltou o caráter golpista das manifestações e chegou a citar os atos institucionais da ditadura militar para apontar a hipocrisia dos golpistas.

“Não existe aqui liberdade de manifestação para atentar contra a democracia para pedir ato institucional número 5, para pedir a volta da tortura, para pedir a morte dos inimigos políticos, os comunistas, para pedir intervenção militar. Isso é crime", pontuou o ministro.

 

Além disso, ele ressaltou que o comportamento de turba dos golpistas torna difícil a individualização de comportamentos dos criminosos.

"O que torna o crime coletivo, o crime multitudinário, é o fato de, em virtude do número de pessoas, você não tem necessidade de descrever que o sujeito A quebrou a cadeira do ministro Alexandre, o sujeito B quebrou a cadeira do ministro Fachin, o sujeito C quebrou o armário do ministro Cristiano Zanin. Não. A turba criminosa destruiu o patrimônio do Supremo Tribunal Federal", disse Moraes.