O ex-deputado federal Roberto Freire, 81 anos, foi afastado do comando do Cidadania. O partido anunciou neste sábado (9), seu novo presidente, que será o líder da sigla no Rio de Janeiro, Plínio Comte Bittencourt, 66 anos.
“Depois de duas décadas de militância, fui honrado com a indicação dos companheiros de partido para a Presidência da Executiva Nacional do Cidadania”, escreveu Bittencourt em sua cinta do Instagram.
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Bittencourt, que é ex-deputado estadual do Rio, diz ter aceitado o “desafio” com o objetivo de “unir o partido em torno dos valores democráticos que sempre nortearam nossa atuação política”.
Roberto Freire divulgou nota
“À Executiva Nacional do Cidadania
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“Comunico minha saída da Direção Nacional. Desnecessário dizer que é irrevogável. Encerro, assim, uma longa vida neste partido, o único desde o PCB nos idos de 1962 do século passado.
“Com a certeza de ter contribuído para sua bela história, de forma honrada e digna, saio ressaltando os homens e mulheres que deram a vida e respeito ao partido. Penso ter honrado a todos eles, travando o bom combate até o fim.
“Fui leal aos meus princípios, aos princípios do partido e à nossa história, que, espero, não consigam desonrar. Aos amigos e companheiros leais de luta, que se somaram a mim nesse esforço, meu respeito e minha gratidão.
“Nestes termos, peço que tomem as devidas providências.
“Roberto Freire”.
Baixarias e acusações
Reunião da Executiva Nacional do Cidadania (ex-Partido Popular Socialista, PPS) em meados de agosto foi marcada por uma saraivada de baixarias, xingamentos, acusações e gritos. A disputa é travada entre o grupo de Roberto Freire, que está no comando do partido há 31 anos, e o do secretário-geral do Cidadania, Regis Cavalcante, que pretende aderir ao governo Lula.
O encontro terminou com a vitória de um grupo de 13 dirigentes que tentam trocar o comando da sigla pela primeira vez, desde 1992.
Apoio a Lula
Neste ano, o Diretório Nacional do Cidadania aprovou o apoio ao governo Lula, mas a bancada de cinco deputados federais anunciou independência desde então. Esse grupo quer levar o partido a se alinhar ao bolsonarismo e ao presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), que controla os deputados por meio de liberação de verbas.
Segundo comentário do escritor e mestre em geopolítica, Vinícius Betiol, “Freire é visto como um 'dinossauro' dentro do Cidadania, servindo como uma barreira reacionária que impede os membros partidários de seguirem a tendência histórica de esquerda. O ex-deputado votou a favor do golpe contra a Dilma e foi ministro do Temer. Já vai tarde!”
Freire afirmou durante a reunião, que a eleição antecipada de uma nova Executiva seria uma tentativa de expulsá-lo da sigla. Ele à Coluna do Estadão que querem retirá-lo para “aderir ao governo Lula”.
“O que pretendem é me expulsar do partido. Querem me tirar, porque querem aderir ao governo Lula. Não vou reconhecer essa reunião do dia 9 de setembro como legítima”, afirmou Freire.
No vídeo, Freire manda um dirigente “calar a boca” e, aos gritos, afirma, num ato falho, que querem tirá-lo da “presidência da República”.
A reunião prossegue com trocas de acusações e ofensas como “caudilho”. O ex-deputado federal Daniel Coelho saiu em defesa de Freire e chamou um dirigente de “picareta” e “vagabundo”.
Partido paralisado
O secretário-geral do Cidadania, Regis Cavalcante, diz que o partido está paralisado pelas atitudes de Freire.
“O partido está praticamente paralisado, porque as decisões da Executiva e do Diretório Nacional não são colocadas em prática, principalmente por conta das dificuldades com o presidente. Não queremos expulsá-lo, mas o partido deixou de ter vida coletiva”, afirmou Cavalcante à Coluna do Estadão.
Nonato Bandeira, dirigente do Cidadania na Paraíba, acusou Freire de ter destruído o partido e disse que, pela falta de compostura, ele perdeu as condições de liderar a sigla. “Tenha compostura de presidente. Você perdeu a compostura e quem perde a compostura não tem condições de liderar”, afirmou Bandeira a Freire.
Veja o vídeo abaixo: