Dois parlamentares bolsonaristas escaparam da cassação de mandato, inclusive com a ajuda do vice-presidente nacional do PT, deputado Washington Quaquá (RJ).
Após uma reviravolta, com a mudança de voto do relator do caso, João Leão (PP-BA), o Conselho de Ética da Câmara decidiu, nesta quarta-feira (9), arquivar o processo de cassação contra a deputada bolsonarista Carla Zambelli (PL-SP).
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Na última semana, o relator leu seu parecer pedindo a cassação de Zambelli. Não houve votação no dia, porque ocorreu um pedido de vista.
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O resultado apontou 15 votos pelo arquivamento e apenas quatro pela perda do mandato.
A bolsonarista era acusada de quebra de decoro por mandar o deputado Duarte Júnior (PSB-MA) “tomar no c*”. A ação aconteceu em 11 de abril, durante audiência pública da Comissão de Segurança Pública.
Outro que se livrou da cassação foi o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG). Ele também contou com a mudança de última hora do voto do relator Alexandre Leite (União-Brasil-SP). Foram 12 votos pelo arquivamento e cinco contra.
O deputado foi acusado de preconceito contra os LGBT's após usar uma peruca loira e dizer que era Nikole em discurso na tribuna do plenário da Câmara. A fala ocorreu no Dia da Mulher. O parlamentar declarou que tinha "lugar de fala" porque naquele momento "se sentia mulher".
Lideranças reagem com indignação
A grande surpresa foi o voto do petista Quaquá pelo arquivamento de ambos os processos. A posição do vice-presidente nacional do partido indignou lideranças progressistas.
A presidenta nacional do PT, Gleisi Hoffmann, reagiu da seguinte forma: “Conselho de Ética da Câmara acaba de arquivar processo contra Nikolas Ferreira por fala transfóbica. Todo dia esse bolsonarista solta fake news e discriminação e nada acontece? Absurdo a Câmara não colocar um freio nessa gente que acha que tudo pode. Casa perde grande chance de dar punição pedagógica e civilizatória enquanto o tratamento com as deputadas é diferente. Muito ruim!”.
O presidente nacional do PSOL, Juliano Medeiros, foi na mesma linha: “O Conselho e Érica abana de arquivar o processo contra o deputadinho bolsonarista que cometei crime de transfobia na tribuna da Câmara dos Deputados. Com isso está instaurado o vale-tudo no parlamento brasileiro. Uma vergonha. Espero que a Justiça não siga o mesmo caminho.
O que diz Washington Quaquá
O deputado Quaquá tentou justificar seu voto: “Eu acho que nós devemos negar todas as admissibilidades como ato pedagógico, independente do mérito. E eu vou votar aqui, não estou falando em nome do PT, estou falando em meu nome próprio. Eu votarei para negar todas as admissibilidades e quero dizer que nas próximas reuniões do Conselho de Ética nós temos que ir no mérito das coisas”.
“Mas, hoje, quero dizer por uma questão pedagógica, de alerta aos deputados, que eu acho que nós não temos que admitir nenhuma das quebras de decoro cometidas até agora. Daqui para frente, sim”, acrescentou.