POLÊMICA

Lula quebra o silêncio sobre foto de Quaquá, vice-presidente do PT, com Pazuello

Dirigente partidário tem sido duramente criticado por se aproximar de bolsonarista apontado como um dos principais responsáveis pelo desastre da pandemia no Brasil

Lula comenta foto de Quaquá com Pazuello.Créditos: Reprodução
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva quebrou o silêncio nesta quinta-feira (16) sobre a foto divulgada pelo vice-presidente de seu partido, o deputado federal Washington Quaquá (RJ), com o também deputado e ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello (PL-RJ)

Na quarta-feira (15), Quaquá, que é ex-prefeito de Maricá (RJ), causou revolta entre petistas ao divulgar, através das redes sociais, uma imagem em que aparece sorridente ao lado do militar da reserva bolsonarista, apontado como um dos principais responsáveis pelo número assombroso de mortes em decorrência da pandemia do coronavírus no Brasil. Ao publicar a foto, o petista pregou "diálogo" e disse que pretende fazer uma "ponte com os militares". 

No mesmo dia, a presidenta nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), se manifestou sobre o assunto, condenando a aproximação de seu correligionário com Pazuello. “Foto do nosso companheiro deputado Quaquá com bolsonarista Pazuello é desrespeitosa com o PT e ofensiva às vítimas da Covid. Na vida e na política, tudo tem limites”, disparou a petista em seu perfil oficial no Twitter.

Lula, por sua vez, foi questionado sobre a polêmica pela jornalista Daniela Lima, da CNN Brasil. Segundo o presidente, "cada um carrega a fotografia que quiser".

"Eu não sei da relação, não sei como foi essa foto, se foi posada ou não. Mas acho que o companheiro Quaquá já tem idade suficiente para escolher com quais pessoas ele que tirar fotografia", declarou o mandatário. 

Bolsonaro, Hitler e Mussolini 

Logo na sequência, em resposta à mesma pergunta, Lula criticou a "negação da política" e comparou o ex-presidente Jair Bolsonaro a Adolf Hitler e Benito Mussolini

"O que eu acho é que a política brasileira muitas vezes é deformada, porque é feita uma análise simplista da política. Nunca se negou tanto a política como nesses últimos 15 anos. Quando você nega a política, o resultado é esse: Bolsonaro, Hitler, Mussolini...", analisou. 

"Foi assim que Hitler cresceu, que o fascismo surgiu no mundo, e foi assim com Bolsonaro", prosseguiu o presidente. 

Pazuello: acusado de crimes contra a humanidade

A foto divulgada por Quaquá vem gerando polêmica pois Pazuello, um bolsonarista ferrenho, é tido como "genocida" pela esquerda brasileira, já tendo sido criticado e adjetivado com este termo, inclusive, por dirigentes do PT. 

Pazuello deixou o ministério da Saúde em março de 2021, quando o Brasil contava 279.602 mortes em decorrência da Covid em pouco mais de um ano de pandemia, mas seguiu recebendo salários no governo federal. 

O hoje deputado esteve entre os 11 acusados pela CPI da Covid de terem cometido crimes contra a humanidade durante a pandemia do coronavírus. 

Sob seu comando, a Saúde viu o país adotar medidas esdrúxulas de combate à pandemia, assistiu a centenas de milhares de mortes pela Covid-19 e viveu os horrores da crise do oxigênio em Manaus, em janeiro de 2021, quando pacientes morriam asfixiados porque os hospitais não receberam suprimentos de oxigênio por parte do Ministério encabeçado por Pazuello, que já tinha sido informado sobre o iminente caos que se avizinhavam na capital amazonense.

Assim como Jair Bolsonaro, Pazuello foi acusado de ter cometido crimes contra a humanidade em três modalidades: extermínio, perseguição e outros atos desumanos. O caos em Manaus, a utilização da população como cobaias de um tratamento ineficaz com hidroxicloroquina e a inassistência aos povos indígenas foram os episódios em que a CPI viu conduta delitiva do ex-ministro.