A Shot Fair Joinville, evento realizado na cidade do interior de Santa Catarina e que é uma verdadeira “disneylândia” dos armamentistas brasileiros, trouxe, na edição desse ano, um produto de baixíssima qualidade: um calendário com fotos 'eróticas', sem camisa, do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o primeiro a ficar inelegível na história do Brasil por tentar dar um golpe – com auxílio de CACs (caçadores, atiradores e colecionadores de armas) – e fracassar.
O produto mais do que bizarro está no estande da chamada Bolsonaro Store, que tem o próprio Eduardo Bolsonaro como sócio e proprietário. Como vimos ao longo de reportagens publicadas com exclusividade pela Revista Fórum, foi Eduardo quem aproximou sua família da NRA (National Rifle Association), a organização que articula o lobby armamentista nos EUA para, em seguida e em paralelo com a campanha e mandato presidencial do pai, articular esse setor no Brasil em torno do Proarmas, a chamada 'NRA brasileira'.
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A Shot Fair é o evento que reúne todos os segmentos do setor: desde políticos e influenciadores bolsonaristas, até as principais indústrias de armas, passando, é claro, pelos vendedores de bugigangas.
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Na semana anterior ao Shot Fair Joinville, Eduardo Bolsonaro gravou um vídeo nas redes sociais anunciando sua ida ao evento e a presença da Bolsonaro Store. Ao final da gravação, repetiu o slogan do Proarmas, completamente importado da NRA: “Não é sobre armas, é sobre liberdade”.
Ao que tudo indica, o estande da Bolsonaro Store foi dividido com a empresa Camisetas Opressoras. O próprio vídeo em que o estande de Eduardo aparece vendendo o calendário com a foto “erótica” do 'imbroxável papai' é proveniente do Instagram da Camisetas Opressoras, que recebe uma série de propagandas gratuitas na internet de uma fauna bastante ampla da extrema-direita.
Segundo apuração da Agência Pública, a Camisetas Opressoras tem, na cidade de Caçapava-SP, o mesmo endereço comercial da Eduardo Bolsonaro Cursos Ltda, empresa de cursos online do filho do ex-presidente, que nega relação com a Camisetas Opressoras. Uma terceira empresa, a Wiks, que atua com publicidade, também apresenta o mesmo endereço.
A proprietária do Camisetas Opressoras, Denise Bueno, é casada com Wilker Delkerson Amaral que, por sua vez, foi funcionário do deputado estadual de São Paulo Gil Diniz (PL), conhecido como o ‘Carteiro Reaça’.
Para uma das fontes da Fórum nesse assunto, um pesquisador brasileiro radicado nos EUA que se dedica a investigar as relações políticas, econômicas e sociais do lobby armamentista, o Carteiro Reaça pode fazer um papel de “laranja” no âmbito das empresas de camisetas. Para ele, que se organiza com seus pares de diversas nacionalidades no grupo Global Researchers Against Fascism (Graf), a presença da Bolsonaro Store e da Camisetas Opressoras indica que Eduardo está envolvido não apenas politicamente com o lobby armamentista.
“Uma prova explícita de que Eduardo Bolsonaro está ganhando dinheiro com a indústria de armas. Durante o Shot Fair, há um estande da Bolsonaro Store”, diz o pesquisador.