PRECONCEITO

Gordofobia: o que é e como funciona o discurso de ódio contra pessoas obesas

Ataque contra a deputada Sâmia Bomfim traz novo alerta e necessidade de se avançar em torno das discussões sobre padronização dos corpos

Deputada Sâmia Bomfim com deputado Coronel Zucco na CPI do MST.Créditos: Reprodução/TV Câmara
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No cenário político brasileiro, debates acalorados são comuns, mas, infelizmente, algumas discussões ultrapassam os limites da ética e do respeito mútuo. A mais recente polêmica surgiu durante uma reunião da CPI do MST, quando o deputado Coronel Zucco (Republicanos-RS), proferiu uma frase que desencadeou acusações de machismo e gordofobia. Dirigindo-se à deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP), Zucco perguntou se ela queria "um remédio, um calmante ou um hambúrguer para se acalmar".

Essa atitude repercutiu rapidamente e gerou repúdio de várias parlamentares, incluindo Talíria Petrone (PSOL-RJ) e Fernanda Melchionna (PSOL-RS). As acusações de gordofobia, em específico, chamam atenção para um problema social presente na sociedade brasileira e em diversos outros países: o preconceito e a discriminação baseados no peso corporal das pessoas, conhecido como gordofobia.

O que é gordofobia 

A gordofobia é caracterizada pelo tratamento injusto, estigmatização e discriminação de indivíduos com sobrepeso ou obesidade. Essa forma de discriminação pode ocorrer em diversas esferas da vida, desde situações cotidianas até o cenário político, como foi o caso do episódio na CPI.

A frase utilizada pelo deputado demonstra uma clara falta de sensibilidade e respeito, perpetuando estereótipos negativos associados a pessoas gordas. A tentativa de diminuir ou desqualificar a parlamentar com base em seu peso é uma forma de agressão que afeta não apenas a vítima direta, mas também perpetua um ambiente hostil e discriminatório para outras pessoas com características físicas similares.

É importante destacar que a gordofobia vai além do mero insulto ou ofensa pessoal. Ela pode ter implicações profundas na vida das pessoas que a vivenciam, prejudicando sua autoestima, saúde mental e física, além de criar barreiras para sua participação plena na sociedade, inclusive na política.

O posicionamento da deputada Sâmia Bomfim em denunciar o caso à Procuradoria Geral da República (PGR) ressalta a gravidade do problema e a necessidade de enfrentar a gordofobia em todas as suas formas. A denúncia não se limita a um único incidente, mas também se estende ao ambiente político onde práticas preconceituosas têm sido repetidas.

Infelizmente, esse episódio não é um caso isolado. A gordofobia é uma realidade que muitas pessoas enfrentam diariamente em diversos contextos. É fundamental que a sociedade como um todo se conscientize sobre o impacto negativo dessa forma de preconceito e trabalhe para erradicá-la.

Combate ao discurso de ódio

No âmbito político, é responsabilidade dos legisladores promoverem um ambiente de debate respeitoso e inclusivo, livre de discursos de ódio e discriminação. Além disso, é necessário que sejam implementadas políticas públicas que enfrentem a gordofobia e promovam a diversidade e inclusão no cenário político e em todos os setores da sociedade.

A resistência das parlamentares, reafirmando que não se intimidarão diante de ataques desse tipo, é fundamental para a construção de uma política mais justa e inclusiva. É importante lembrar que todos têm o direito de participar e contribuir no debate político, independentemente de sua aparência física.

Em conclusão, o caso envolvendo o deputado Coronel Zucco e a deputada Sâmia Bomfim é mais um exemplo de como a gordofobia ainda é uma realidade presente na sociedade. Combater esse preconceito é um desafio que deve ser abraçado por todos nós, a fim de construirmos um ambiente político e social mais respeitoso, inclusivo e igualitário. A diversidade deve ser celebrada, e a discriminação, combatida incansavelmente.