O senador Rogério Carvalho (PT-SE) usou as redes sociais nesta sexta-feira (18) para anunciar que protocolou na Polícia Federal uma notícia-crime contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e um pedido de apreensão do seu passaporte.
Conforme o parlamentar explicou, o pedido vem logo em seguida do depoimento de Walter Delgatti Neto, o ‘hacker de Araraquara’, à CPMI dos Atos Golpistas, que revelou o papel de Bolsonaro como incitador, mentor e mandante da série de episódios golpistas que começaram ainda na campanha eleitoral, se estenderam após o segundo turno das eleições e culminaram nos ataques de 8 de janeiro, em Brasília.
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Segundo Rogério Carvalho, além dos escândalos de fraudes em cartões de vacinação, da venda de joias, das milícias digitais e da gestão desastrosa da pandemia, Bolsonaro pode ser acusado de encabeçar as tentativas de golpe. Nesse sentido, o senador teme que o líder de extrema-direita fuja pela segunda vez aos Estados Unidos.
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“Acabo de apresentar uma notícia-crime contra Jair Bolsonaro, solicitando que a PF apreenda seu passaporte devido às denúncias de Walter Delgatti à CPMI do Golpe! A solicitação visa evitar que o ex-presidente fuja do país durante as investigações”, declarou.
A primeira fuga de Bolsonaro ocorreu em 30 de dezembro de 2022, às vésperas da posse de Lula em 1 de janeiro. Bolsonaro aterrissou na Flórida em 31 de dezembro portando dois relógios Rolex desviados do acervo da República que foram vendidos na ‘Terra do Tio Sam’ e fazem parte do recente escândalo. Há também a hipótese de que, por ser a principal cara da extrema-direita, ele tenha viajado na ocasião para não ser preso durante a chamada 'festa da Selma', os ataques de seus apoiadores em 8 de janeiro.
Delgatti dá novo depoimento à PF
Após acompanhar a participação de Walter Delgatti Neto na CPMI dos Atos Golpistas ontem (17), a Polícia Federal marcou um novo depoimento do hacker de Araraquara para hoje (18). De acordo com informações que circulam na imprensa, os investigadores encontraram contradições entre o que foi dito na quarta-feira à própria PF e o que foi revelado no Congresso Nacional no dia seguinte.
Se antes a previsão era de que após falar à CPMI Delgatti voltaria para a prisão de Araraquara, no interior de São Paulo, de fato o hacker passou mais uma noite na carceragem da PF em Brasília para dar um novo depoimento.
Delgatti revelou cinco detalhes da trama golpista aos parlamentares na quinta-feira que não havia dito aos investigadores um dia antes e motivaram sua nova convocação.
- A promessa de indulto presidencial por parte de Jair Bolsonaro (PL) para que Delgatti tentasse invadir os sistemas de urnas eletrônicas;
- Uma promessa de emprego da parte de Carla Zambelli (PL-SP) na campanha eleitoral de Bolsonaro;
- A revelação de que o próprio Bolsonao lhe pediu um grampo sobre o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, e que o grampo foi feito;
- A aparição de Duda Lima, marqueteiro de Bolsonaro, na cena do crime. Ele teria pedido a Delgatti um código-fonte fake das urnas para validar teorias conspiratórias de que as eleições não seriam seguras;
- O relato de que teria orientado pessoas ligadas ao Ministério da Defesa de Bolsonaro na produção do famigerado ‘relatório’ sobre as urnas eletrônicas.
Bolsonaro, Zambelli, Duda Lima e o STF
- Ao g1, pessoas ligadas ao STF e à PF afirmam que não há indícios de que Moraes tenha sido grampeado;
- Bolsonaro, por meio de sua defesa, nega que tenha feito tais oferta e pedido a Delgatti e que tomará as medidas legais cabíveis contra as declarações do hacker de Araraquara, que considera difamatórias;
- Carla Zambelli declarou à imprensa que não irá se manifestar até ter “conhecimento do conteúdo dos autos”;
- Já Duda Lima nega que tenha participado de reuniões com Zambelli e Valdemar Costa Neto, e diz estar indignado com o depoimento de Delgatti.