Desde que assumiu o governo de São Paulo em janeiro deste ano, o governador bolsonarista Tarcísio de Freitas (Republicanos) recuou em medidas importantes, sendo a maior parte delas nas áreas da segurança pública e da educação. Ele também acumula recuos em relação aos ataques do dia 8 de janeiro, o projeto de lei voltado para autismo e uma polêmica em torno da manutenção da Secretaria dos Direitos das Pessoas com Deficiência.
A série de recuos tem gerado fortes críticas e repercussão negativa entre a oposição, os aliados e parte da sociedade civil. Vale lembrar que Tarcísio foi ministro do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em 2019 e depois lançado candidato em São Paulo, como favorito do público bolsonarista.
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A Revista Fórum fez o levantamento dos principais casos de recuo do governador no cargo:
Materiais didáticos
Nas últimas semanas, o Palácio dos Bandeirantes criou uma polêmica envolvendo os livros didáticos nas escolas estaduais paulistas. Nesta quarta-feira (16), a Justiça de São Paulo concedeu liminar proibindo o governo de sair e para que volte a fazer parte do PNLD (Programa Nacional do Livro Didático), do Ministério da Educação. Assim, pouco após a decisão, a Secretaria da Educação paulista anunciou a desistência de sair do programa federal em 2024.
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A pasta chefiada por Renato Feder afirma em nota à imprensa que "a decisão de permanecer no programa no próximo ano se deu a partir da escuta e do diálogo com a sociedade, que resultou no entendimento de que mais esclarecimentos precisam ser prestados antes de que a mudança seja efetivada".
E prossegue: "a secretaria acredita que o mais importante agora é planejar 2024 com foco no alinhamento desses materiais, buscando a coerência pedagógica, a qualidade no conteúdo das aulas ministradas e estabelecendo amplo diálogo para aperfeiçoar o trabalho dos professores". O texto não destacou se a Secretaria também pretende permanecer no PNLD no ano de 2025.
Vale notar que antes disso, Tarcísio havia voltado atrás da decisão de abandonar o livro físico com a repercussão negativa e disse que o Governo de São Paulo também vai oferecer material didático impresso para os alunos da rede estadual de ensino.
Câmeras da PM
O governador voltou atrás em sua promessa de remover câmeras das fardas dos policiais, baseando-se na questão de que elas ‘prejudicariam’ o trabalho da polícia, o que vai contra os dados e os especialistas. Eles explicam que há uma queda nas mortes de suspeitos e também de policiais com a implementação do dispositivo. No entanto, ainda durante sua campanha, no dia 14 de outubro, Tarcísio reiterou que se tratava de uma decisão pessoal e que iria reavaliar a medida com especialistas. Importante destacar que a política continua sendo mantida em sua gestão.
Salários dos agentes de segurança pública
Outro recuo foi em maio, quando o governador também voltou atrás sobre a contribuição social de 10,5% para pensionistas e inativos sobre a totalidade do valor dos proventos de inatividades e pensões militares de um projeto de lei que institui o reajuste para os policiais Militar e Civil. Com as críticas e a reação de deputados da bancada da bala com a pressão de policiais, Tarcísio recuou e a lei acabou aprovada sem destacar este tópico.
Transferência da Cracolândia
A decisão de transferir a cracolândia de Santa Efigênia para o Bom Retiro, ambas na região central, por Tarcísio foi mais um recuo. A ideia era manter os usuários de drogas próximos a equipamentos de saúde e assistência social. No entanto, houve uma forte reação da população local, um impasse com a prefeitura que afirmou não conhecer o plano e as críticas de especialistas da área. Após isso, em uma nota oficial, o governo estadual declarou que “após novas avaliações, a estratégia de direcionar o fluxo para o Complexo Prates será revista”.
Reunião com o presidente Lula
Quanto a sua resposta sobre os atos golpistas de 8 de janeiro em Brasília, o governador também derrapou: Tarcísio primeiro decidiu não ir à uma reunião com o presidente Lula (PT) e os outros governadores, sofrendo duras críticas. Logo depois, voltou atrás e marcou presença na reunião.
Veto ao projeto de lei para autistas
O veto do projeto de lei que propunha validade indeterminada aos laudos médicos que atestem o transtorno do espectro autista em fevereiro levou mais críticas ao governador, que mudou de posição e se disse favorável ao projeto que ele mesmo vetou. Especialistas e ativistas sobre o autismo contestaram a afirmação do governo acerca do veto, uma vez que o governo descreveu o autismo como uma ‘condição passageira’ em crianças. Após a mudança, Tarcísio assinou a lei com a derrubada do veto pela Alesp.