MAURO CID

Mauro Cid mentiu ou omitiu fatos até de seu advogado

Bernardo Fenelon, especialista em acordos de delação premiada, deixou a defesa de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro

Mauro Cid.Créditos: Edilson Rodrigues/Agência Senado
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O advogado Bernardo Fenelon, especialista em acordos de delação premiada, deixou na última terça-feira (8), a defesa de Mauro Barbosa Cid, o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL). O que motivou sua saída teriam sido três casos de "quebra de confiança" na relação entre ele e a sua defesa.

O blog de Lauro Jardim, no Globo, informa que ele teria mentido ou omitido fatos do seu advogado. Além disso, o advogado também teria se incomodado com "muita conversa paralela". Uma pessoa a par da situação afirma ter havido um número excessivo de tentativas de interferência de pessoas ligadas a Cid na estratégia de defesa. 

Fenelon é o segundo advogado a deixar a defesa de Mauro Cid desde o início do ano. Até maio, o militar era defendido por Rodrigo Roca, próximo à família Bolsonaro. Ele deixou o caso alegando razões de foro profissional.

Fenelon foi pego de surpresa pela imprensa quando foram revelados documentos que mostravam o militar tentando vender um Rolex dado a Bolsonaro pelo rei da Arábia Saudita. Na ocasião, o advogado afirmou ao g1 que não poderia responder sobre o caso porque a defesa ainda não tinha tido acesso ao material.

Na última sexta-feira (11), uma operação da Polícia Federal (PF) teve como alvo o pai de Mauro Cid, o general Mauro Lourena Cid, além do advogado Frederick Wassef e do assessor Osmar Crivelatti.

Cid, de acordo com a PF, teria vendido dois relógios de luxo em junho de 2022, nos EUA, por US$ 68 mil. Os objetos haviam sido presenteados ao Brasil. Segundo a investigação, os valores foram depositados na conta de seu pai no exterior, o general Cid.

Em fevereiro deste ano, ocorreu uma nova tentativa de vender joias. Segundo a PF, um kit de ouro saiu do país ilegalmente em dezembro de 2022, rumo aos EUA, para onde Bolsonaro e comitiva viajaram no fim do mandato. Em fevereiro, as joias foram leiloadas, mas não houve interessados.

Os recursos gerados com a venda dos bens eram repassados a Bolsonaro em dinheiro vivo, de acordo com a PF. Um outro indício da participação do ex-presidente se deve ao fato de as joias terem sido levadas ao exterior durante viagens presidenciais em aviões da FAB.

Trecho da manifestação da PF ao STF (Supremo Tribunal Federal) afirma:

“Os valores obtidos dessas vendas eram convertidos em dinheiro em espécie e ingressavam no patrimônio pessoal do ex-presidente da República, por meio de pessoas interpostas e sem utilizar o sistema bancário formal, com o objetivo de ocultar a origem, localização e propriedade dos valores.”

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