ECONOMIA

Haddad classifica Copom como 'conservador, pouco plural e monolítico'

Em entrevista ao jornalista Luiz Nassif, ministro da Fazenda de Lula disse esperar que tenha início a queda de juros na reunião do conselho da próxima semana

Créditos: Divulgação - Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, espera que a taxa de juros comece a cair
Escrito en POLÍTICA el

Em entrevista ao jornalista Luis Nassif, do GGN, neste sábado (29), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, expressou um otimismo cauteloso em relação às perspectivas de crescimento da economia brasileira em 2023 e ao impacto da taxa básica de juros nessas previsões.

Haddad tem intensificado a pressão sobre o Banco Central às vésperas da próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), marcada para a próxima semana, buscando o início de uma trajetória de redução da taxa Selic, atualmente em 13,75%.

O ministro disse ainda que o Copom é "conservador", "pouco plural" e "monolítico" e que o governo busca levar pontos de vista diferentes ao trocar diretores do Banco Central.

Haddad afirmou ainda esperar que comece "o ciclo de cortes" na taxa Selic (taxa básica de juros) e que o espaço que existe para a queda é "bastante considerável". 

Para o ministro, o Banco Central deveria ter realizado um corte na taxa Selic entre maio e junho, pois considera que o Copom ainda mantém uma postura conservadora. Ele enfatizou que uma redução para 13,25% seria apenas uma sinalização, mas na prática seria insuficiente para estimular a economia como deveria.

Recentemente o Ministério da Fazenda projetou alta de 2,5% no PIB brasileiro até o fim do ano. A previsão anterior era de um crescimento de 1,9%. Já o Fundo Monetário Internacional (FMI) aumentou a estimativa de crescimento do Brasil em 2023 de 1,2% para 2,1%.

Fator agronegócio

O ministro comentou que o crescimento do PIB em 2023 será fortemente influenciado pelo desempenho do agronegócio no primeiro semestre, o qual deverá compensar uma desaceleração no segundo semestre, causada em grande parte pelos juros altos.

Haddad destacou que o setor agrícola teve um desempenho robusto no início do ano e que isso foi fundamental para sustentar o crescimento econômico ao longo do ano.

“Mas não nos iludimos nesse crescimento, muito concentrado no primeiro semestre, [sabíamos] que não era razão pra festejar, pois já havia componentes de desaceleração bastante notáveis a partir de maio”, ponderou o ministro.

O ministro disse que, para isso, quer mostrar com transparência o quanto cada exceção vai custar no imposto que vai substituir os que existem hoje, que se chamará Imposto Sobre o Valor Agregado (IVA).

“Vamos mostrar no começo da semana que ou, no máximo, na outra, quanto custa, em termos de alíquota padrão, cada exceção no IVA”, disse ele. Previsões prévias diziam que a alíquota ficaria em 25%, mas cada exceção aumenta esse valor.

“Vai acumulando as exceções até chegar numa alíquota padrão que desvia da almejada pela sociedade”, disse o ministro. “Então, com transparência vamos debater, ver se tem justificativa. Tirar impostos da cesta básica é algo que está justificado, mas e o resto?”, questionou.

Assista na íntegra