ASSASSINATO DE MARIELLE FRANCO

Caso Marielle: Quem são Rivaldo Barbosa e Domingos Brazão, cujas prisões eram temidas por criminosos

Homens citados em conversa de WhatsApp entre ‘Jomarzinho’ e ‘Suel’ são ex-deputado e ex-chefe da Polícia Civil do RJ

Marielle Franco.Créditos: Mídia Ninja
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A partir da delação premiada de Élcio de Queiroz, ex-PM preso acusado de dirigir o Cobalt prata utilizado no assassinato de Marielle Franco, em 14 de março de 2018, revelada na última segunda-feira (24), uma de série de novas informações têm contribuído com o esclarecimento do crime que chocou o país. Entre as informações obtidas, estão dois novos nomes: Rivaldo Barbosa e Domingos Brazão.

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A dupla apareceu em uma conversa de WhatsApp trocada entre Jomar Duarte, o Jomarzinho, e Maxwell Simões, o Suel, que foi preso no começo da semana após Élcio de Queiroz confirmar sua participação em uma tentativa anterior, em 2017, de matar Marielle. Jomarzinho, por sua vez, é filho de um delegado da Polícia Federal e ficou sabendo da “Operação Marielle”. Ele colaborou com os assassinos, avisando-os.

Em 12 de março de 2019, quando o crime estava prestes a completar 1 ano, uma operação da Polícia Civil do Rio de Janeiro e do Ministério Público levaram Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz para a cadeia. O alerta de que seriam alvos da mesma veio na véspera em 11 de março.

Reprodução

Naquela ocasião Jomarzinho enviou uma mensagem ao PM Maurício Conceição, conhecido como Mauricinho, informando que haveria uma “Operação Marielle” e que “pelo que me falaram vão até prender até Brazão e Rivaldo Barbosa não sei se é verdade”. Mauricinho é um policial militar que também colaborou com os milicianos.

Mauricinho em poucos minutos já teria avisado Suel, que concluiu a conversa com a seguinte mensagem: “Doido para isso acabar logo”. Na sequência ele teria avisado Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz.

Quem são Rivaldo e "Brazão"?

Rivado Barbosa, citado na conversa, é o delegado e ex-chefe da Polícia Civil do Rio, que foi associado pela PF a um suposto recebimento de R$ 400 mil em propinas para impedir avanços na investigação sobre o assassinato de Marielle e Anderson.

O outro personagem da troca de mensagens é Domingos Inácio Brazão. Atual conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro, foi o pioneiro do clã Brazão a se empreitar na política, elegendo-se vereador em 1996.  Em 1998 tornou-se deputado estadual - cargo pelo qual foi reeleito por cinco vezes, após ter sido derrotado na campanha à prefeito da capital fluminense em 2000. Em abril de 2015, em sua última legislatura, foi eleito pela Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) para ser um dos sete conselheiros vitalícios do Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ).

Além de carreira na política, Domingos Brazão tem uma extensa lista criminal e chegou a ser preso em 29 de março de 2017 durante a operação Quinto de Ouro, um desdobramento da Lava Jato que investigava uma organização criminosa, que incluía o filho do ex-governador e prefeito do Rio Marcello Alencar, suspeita de corrupção e desvio de verbas públicas.

Cerca de 10 anos antes, Domingos Brazão já havia enfrentado um processo de homicídio, quando teria perseguido dois homens e atirado pelas costas - um deles morreu. Ele alegou legítima defesa e o caso foi rejeitado 15 anos depois pela corte especial do Tribunal de Justiça, quando ele já era deputado estadual pelo MDB.

Em setembro de 2019, a então procuradora-geral da República, Raquel Dodge pediu autorização ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) para "apurar indícios de autoria intelectual de Domingos Brazão" na primeira tentativa de federalização das investigações sobre o assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes.

"Domingos Brazão arquitetou o homicídio da vereadora Marielle Franco e visando manter-se impune, esquematizou a difusão de notícia falsa sobre os responsáveis pelo homicídio", diz o documento assinado pela ex-PGR.