Após mais de quatro anos preso pelo assassinato de Marielle Franco, o ex-PM Élcio de Queiroz se sentiu traído pelo comparsa Ronnie Lessa – que o havia garantido não ter feito pesquisas na internet sobre a vítima, o que colocaria a quadrilha em risco – e negociou uma delação premiada com o Ministério Público e a Polícia Federal, cujo teor começou a vir a público na última segunda-feira (24).
Élcio deu maiores detalhes do crime, sobretudo detalhando o planejamento da execução e o que foi feito na noite em Marielle foi assassinada.
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Élcio confirmou em seu depoimento que era o motorista do Cobalt prata utilizado pela quadrilha naquela noite. No banco do carona estava Ronnie Lessa, à época vizinho de Bolsonaro no condomínio Vivendas da Barra, encarregado de atirar nas vítimas.
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Mas eles não eram os únicos envolvidos nas tentativas, no plural, de matar a vereadora. Um ano antes, um outro carro contava com uma disposição diferente. Maxwell Simões, o Suel, preso na última segunda (24), era o piloto. No banco do carona, Lessa seguia como o executor de Marielle e, no banco de trás, o ex-PM Edimilson Oliveira Silva, mais conhecido como Edimilson Macalé, atiraria no "alvo" caso Lessa não obtivesse êxito.
A função de Macalé, que estava portando um fuzil AK 47 naquela noite, também era fazer a “contenção”, ou seja, dar cobertura ao grupo no caso de um eventual encontro com policiais. Ele desceria do carro com o fuzil e trocaria tiros caso o grupo fosse flagrado. Essa era a principal preocupação do bando.
A tentativa de 2017 acabou frustrada. Segundo Élcio de Queiroz, Suel justificou que o insucesso se devia a uma falha no veículo que dirigia. Mesmo presente, Lessa não foi convencido.
Macalé também teria sido, segundo a delação de Queiroz, o responsável meses antes da primeira tentativa por recrutar Ronnie Lessa para o cometimento do crime, e feito todo o planejamento do assassinato. De acordo com o depoimento, ele esteve presente em todas as ocasiões que a quadrilha monitorou o cotidiano da vítima.
Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz já estavam presos desde março de 2019 quando as primeiras evidências dos seus envolvimentos começaram a aparecer. Suel foi preso na última segunda-feira (24) após as novas descobertas.
Já Macalé infelizmente não poderá confirmar ou negar a versão. Ele próprio foi executado em 2021, de forma semelhante a de Marielle.
Quem é Edmilson Macalé
Em novembro de 2021, quando foi executado, Macalé era sargento reformado da Polícia Militar do Rio de Janeiro e tinha 54 anos. Em outras palavras, havia sido afastado da corporação e era suspeito de envolvimento com grupos criminosos, sobretudo a contravenção.
Morador de Oswaldo Cruz, na Zona Norte do Rio, era visto carregando sua Glock calibre .45 com certa frequência. A arma foi encontrada junto ao seu corpo após a execução.
Segundo testemunhas, Macalé andava a pé na Avenida Santa Cruz, em Bangu, e caminhava na direção da sua BMW quando foi alvejado por homens que passavam dentro de um carro branco. Os assassinos não levaram sua arma, documentos ou pertences. O ex-PM morreu na hora e as investigações até hoje não solucionaram o crime.