Edimilson Oliveira Silva, mais conhecido como Edimilson Macalé, é o PM apontado na delação premiada de Élcio de Queiroz como o intermediador entre os mandantes e os executores do assassinato de Marielle Franco em 14 de março de 2018. Mas Macalé não poderá se pronunciar ou prestar seu depoimento. Ele foi morto em novembro de 2021, a tiros, de uma forma até certo ponto parecida à de Marielle e o inquérito que investiga sua morte simplesmente não avança.
Em novembro de 2021, quando foi executado, Macalé era sargento reformado da Polícia Militar do Rio de Janeiro e tinha 54 anos. Ele havia sido afastado da corporação e era suspeito de envolvimento com grupos criminosos, sobretudo a contravenção.
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Morador de Oswaldo Cruz, na Zona Norte do Rio, era visto carregando sua Glock calibre .45 com certa frequência. A arma foi encontrada junto ao seu corpo após a execução.
Segundo testemunhas, Macalé andava a pé na Avenida Santa Cruz, em Bangu, e caminhava na direção da sua BMW quando foi alvejado por homens que passavam dentro de um carro branco. Os assassinos não levaram sua arma, documentos ou pertences. O ex-PM morreu na hora e as investigações até hoje não solucionaram o crime.
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Inquérito não avança
De acordo com informações do jornalista Octavio Guedes, publicadas em seu blog no G1, em dezembro de 2021, apenas um mês após o assassinato de Macalé, a Divisão de Homicídios da Capital (DHC) pediu ao Ministério Público algumas quebras de sigilo para seguir investigando o caso. Mas o MP só foi devolver o inquérito à polícia em fevereiro de 2023, mais de um ano depois.
Além disso, quando voltou para os investigadores em fevereiro, o inquérito não trazia consigo a solicitada autorização judicial. Esta só chegaria para os investigadores no presente mês de julho de 2023.
Após o inquérito finalmente ficar disponível com a autorização judicial, o delegado do caso pediu novas quebras sigilo com vistas ao Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), colocando o inquérito policial parado na Justiça uma vez mais.
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Espera-se que dessa vez a devolução seja mais ágil para que as investigações prossigam. Conforme os cálculos do jornalista supracitado, se a apreciação tomar o mesmo tempo da anterior, o caso só voltaria a ser investigado em fevereiro de 2025.
Em outras palavras, a investigação apenas começou apesar de o crime estar prestes a completar 2 anos. Os suspeitos não foram identificados e ninguém foi indiciado.
A DHC afirma que assim que soube do crime começou imediatamente a realizar os procedimentos que iniciam a investigação policial, a fim de apurar os fatos e identificar os autores do crime. O inquérito foi encaminhado ao MP após um mês do crime ter acontecido.
Depoimento de Élcio de Queiroz revela participação de Macalé
Em seu depoimento à Polícia Federal, Élcio de Queiroz revelou que Macalé teria participado de uma primeira ação, frustrada, que tentou executar a vereadora em 2017.
Naquela ocasião, a disposição do carro que saiu pelas ruas do Rio de Janeiro para caçar a vereadora do Psol era diferente da do atentado que obteve sucesso no ano seguinte. Maxwell Simões, o Suel, preso na última segunda (24), era o piloto. No banco do carona, Lessa assumia o papel de executor de Marielle e, no banco de trás, o ex-PM Edimilson Macalé atiraria no "alvo" caso Lessa não obtivesse êxito.
A função de Macalé, que estava portando um fuzil AK 47 naquela noite, também era fazer a “contenção”, ou seja, dar cobertura ao grupo em um eventual encontro com policiais. Ele desceria do carro com o fuzil e trocaria tiros caso o grupo fosse flagrado. Essa era a principal preocupação do bando.
A tentativa de 2017 acabou frustrada. Segundo Élcio de Queiroz, Suel justificou que o insucesso se devia a uma falha no veículo que dirigia. Mesmo presente, Lessa não foi convencido. Por isso o novo atentado, em 2018, contou com outra equipe, dessa vez composta apenas por Élcio de Queiroz, como motorista, e Ronnie Lessa, novamente no papel de executor.
Macalé também teria sido o responsável, meses antes, por recrutar Ronnie Lessa para o cometimento do crime, e feito todo o planejamento do assassinato, o que o coloca como o principal intermediador entre mandantes e executores do crime. Ainda de acordo com o depoimento, ele esteve presente em todas as ocasiões que a quadrilha monitorou o cotidiano da vítima.
Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz já estavam presos desde março de 2019 quando as primeiras evidências dos seus envolvimentos começaram a aparecer. Suel foi preso na última segunda-feira (24) após as novas descobertas.