Alvo da operação Élpis, que levou de volta à cadeia o ex-sargento dos Bombeiros Maxwell Simões Correa, o Suel, como um dos articuladores do assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes, o policial militar Maurício da Conceição dos Santos Júnior, o Mauricinho, segue na ativa e está "apto para promoção".
Mauricinho é terceiro sargento da PM e está lotado no 15º Batalhão, em Duque de Caxias, e é considerado "apto para a promoção" na instituição, segundo informações do jornal O Globo.
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Mauricinho, que foi alvo de busca e apreensão na operação desta semana, é um dos principais elos para se chegar ao principal suspeito de ser o mandante do crime: o ex-deputado estadual e atual conselheiro vitalício do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ), Domingos Inácio Brazão.
No relatório da PF que motivou a operação - e a prisão de Suel -, a PF disponibilizou a imagem de uma conversa de WhatsApp datada de 11 de março de 2019, quando Jomar Duarte Bittencourt Júnior, conhecido como Jomarzinho, filho de um delegado da Polícia Federal, diz a Mauricinho que "pelo que me falaram vão até prender Brazão e Rivaldo Barbosa”.
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Rivado Barbosa, citado na conversa, é o delegado e ex-chefe da Polícia Civil do Rio, que foi associado pela PF a um suposto pagamento de propina para impedir avanços na investigação sobre o assassinato de Marielle e Anderson.
O outro personagem da troca de mensagens é justamente o conselheiro do TCE-RJ.
Em setembro de 2019, a então procuradora-geral da República, Raquel Dodge pediu autorização ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) para "apurar indícios de autoria intelectual de Domingos Brazão" na primeira tentativa de federalização das investigações sobre o assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes.
"Domingos Brazão arquitetou o homicídio da vereadora Marielle Franco e visando manter-se impune, esquematizou a difusão de notícia falsa sobre os responsáveis pelo homicídio", diz o documento assinado pela ex-PGR.
Em gravações obtidas pelos investigadores, o miliciano Jorge Alberto Moreth afirmou ao ex-vereador Marcello Sicilliano - atualmente filiado ao PP - que Domingos Brazão é o mandante e pagou R$ 500 mil pelo atentado.
A denúncia aponta ainda uma estratégia para encobrir os mandantes. "Fazia parte da estratégia que alguém prestasse falso testemunho sobre a autoria do crime e a notícia falsa chegasse à Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro, desviando o curso da investigação em andamento e afastando a linha investigativa que pudesse identificá-lo como mentor intelectual dos crimes de homicídio".
Segundo reportagem do site The Intercept, as investigações cogitam a hipótese de que Brazão mandou matar Marielle para se vingar de Marcelo Freixo, que presidiu a CPI das Milícias na Alerj - atualmente ele é presidente da Embratur na gestão Lula.
Freixo ajudou procuradores da Lava Jato do Rio em denúncias que resultaram nas prisões de políticos do MDB, a exemplo do próprio Brazão, e dos então deputados estaduais Jorge Picciani (já falecido), Paulo Melo e Edson Albertassi.