KASSIO NUNES MARQUES

Kassio Nunes Marques foi vítima de golpe com carro roubado

Veículo era uma surpresa para sua esposa e acabou virando uma grande dor de cabeça

Kássio Nunes Marques.Créditos: Fellipe Sampaio /SCO/STF
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A história é inacreditável e um tanto inusitada. No tempo em que era desembargador, em 2014, o atual ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Kassio Nunes Marques, resolveu fazer uma surpresa para a sua esposa, Maria do Socorro, que era na época assessora do então senador e atual ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias (PT).

Ele encontrou na lista de classificados um Renault Fluence do ano anterior, anunciado por R$ 55 mil. Ligou para o número de celular do anunciante, George, e pediu para que ele levasse o carro na manhã seguinte à sua casa, no Lago Sul, em Brasília – imóvel funcional do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1).

Ele comprou o carro por R$ 51 mil, em espécie, por conta de uns arranhões na parte traseira. Em valores atualizados, R$ 84 mil.

Foi aí que começaram os problemas. O nome real do vendedor não era George, o carro era roubado e foi apreendido quando o magistrado já havia dado o presente para a mulher.

A história obtida pelo Metrópoles está no arquivo do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT).

Kassio e sua esposa entregaram o carro à polícia. Ele afirmou em depoimento que não havia qualquer restrição nos documentos do carro quando o comprou, e que “tomou conhecimento de uma restrição” sobre o veículo “lançada na base nacional, em março de 2015?.

Abriu mão do foro privilegiado

Kassio afirmou em depoimento que compareceu à polícia “espontaneamente, inclusive abrindo mão de suas prerrogativas”, o foro privilegiado.

O então desembargador entregou aos policiais uma edição do jornal com o anúncio do carro. Também deu a eles um recibo simples de quitação da compra do veículo registrado em cartório, assinado pelo vendedor, que dizia:

“Recebi da Sra. Maria do Socorro Mendonça de Carvalho Marques a quantia de R$ 51.000,00 (cinquenta e um mil reais) pela venda de um veículo marca Renault, modelo Fluence Dyn20A, ano/modelo 2014/2014, cor preta, Placa FRM-7633, Renavam 01005027967, pelo que dou plena e total quitação, resguardando-a de despesas, que porventura existam, relativas a multas de trânsito e outras congêneres até esta data”.

Kassio contou como barganhou o preço do carro e se dirigiu com o vendedor ao cartório para fazer o reconhecimento de firma das assinaturas. Segundo o ministro, sua mulher “não teve qualquer contato com a pessoa de George, salientando que a aquisição do veículo seria uma surpresa que o declarante pretendia fazer”.

A parte do depoimento em que o ministro admitiu a compra do automóvel foi registrada nestes termos pela polícia: “Que no mesmo dia o declarante realizou o pagamento em espécie a George; Que o pagamento em dinheiro não foi uma exigência dele, mas afirmou que preferia”.

O golpe

A polícia descobriu que o verdadeiro nome do George era Roberto Willian de Ataídes, alvo de uma operação policial deflagrada contra uma quadrilha que alugava veículos em locadoras de diversos estados, como Rio de Janeiro e São Paulo, e desaparecia com eles.

O criminoso confessou os crimes às autoridades. Disse que o nome “George” era usado para fazer a venda dos veículos e que trabalhava havia anos com carros roubados. Até a conta em banco ele tinha com o nome fictício.

A esposa do ministro anexou um documento em um processo à parte, em que pediu à Justiça para ficar com o carro, por ter comprado o veículo de boa-fé.

O pedido teve parecer favorável do Ministério Público, e a locadora de São Paulo da qual o veículo foi desviado aceitou que o carro ficasse com a mulher do desembargador, desde que indenizada por ela. O carro acabou ficando com Maria do Socorro.

O ministro Kassio Nunes Marques foi procurado pelo Metrópoles, mas não se manifestou até o fechamento da reportagem.