O jornalista Bruno Paes Manso, pesquisador no Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo e autor do livro “A república das milícias: Dos esquadrões da morte à era Bolsonaro”, apontou uma inconsistência grave nas investigações do assassinato de Marielle Franco, em 14 de março de 2018.
Na época do crime, foram apontados vários registros de telefonemas entre as casas do então deputado federal Jair Bolsonaro e o sargento da reserva da Polícia Militar, Ronnie Lessa, acusado de matar Marielle. Os dois moravam no mesmo condomínio no Rio de Janeiro, o Vivendas da Barra.
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A história de um suposto namoro entre a filha de Lessa e Jair Renan, filho de Bolsonaro teria surgido para justificar esses telefonemas..
“Essa história surgiu porque se identificou uma série de trocas de telefonemas entre a casa da família Bolsonaro com o Ronnie Lessa, que é o autor do caso da morte da Marielle. O álibi disso foi por causa do Jair Renan ter namorado a filha do Ronnie Lessa. Esse seria um dos motivos para haver ligação”, disse Bruno Paes Manso em entrevista ao Brasil 247, em 2022.
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“Namorei o condomínio inteiro"
Já presidente, em 2019, Jair Bolsonaro afirmou em entrevista que recebeu ligação de Renan, que disse: “Namorei o condomínio inteiro, não lembro bem dela”. Bolsonaro disse também na época que não se lembra de Ronnie Lessa.
O delegado responsável pela Divisão de Homicídios da capital fluminense, Giniton Lages, desconsiderou a relação entre Jair Renan e a filha de Ronnie Lessa. Segundo ele, o fato não seria “importante agora”.
O jornalista lembra, no entanto, que “a filha do Ronnie Lessa morava nos Estados Unidos nessa época, inclusive ele dá esse depoimento quando ele foi preso”.
“Mas o fato de eles não terem namorado deixa uma pergunta ainda mais séria no ar: então, por que eles se telefonavam? O que eram esses telefonemas, se não era o Jair Renan que namorava a filha? Qual é a desculpa então?”. “Isso é o mais mal explicado da história e que, de alguma maneira, coloca as duas casas em contato”, afirma o jornalista.