No depoimento que prestará à Polícia Federal (PF) nesta quarta-feira (12) - o quarto desde que deixou a Presidência -, Jair Bolsonaro (PL) terá que explicar o que sabia da trama golpista relatada pelo senador licenciado Marcos Do Val (Podemos-ES).
Em entrevista à Veja em fevereiro, Do Val acusou Bolsonaro e o ex-deputado Daniel Silveira de organizarem uma reunião no final de 2022 para propor a participação do senador em um plano de golpe de Estado.
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Em junho, após mudar diversas vezes a versão, Marcos do Val foi alvo de uma operação da PF, que investiga a obstrução das investigações sobre os atos golpistas ocorridos em 8 de janeiro.
No celular apreendido do senador, que se licenciou alegando problemas de saúde, a PF encontrou trocas de mensagens entre ele e Jair Bolsonaro após a data da reunião no Palácio do Alvorada. Os dois se falaram em duas ocasiões pelo WhatsApp.
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Na segunda delas, em 10 de fevereiro, Do Val diz a Bolsonaro que foi procurado para dar uma entrevista à Veja sobre a reunião e que acredita que foi o atual ministro da Justiça, Flávio Dino, quem vazou a informação para a revista.
Do Val, então envia prints de conversas com Daniel Silveira e do diálogo que teve com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, no qual diz ter relatado o plano sugerido pelo ex-deputado.
O senador licenciado diz a Bolsonaro que por "sorte" relatou o caso a Moraes e que estava informando o ex-presidente porque achava "importante você ter ciência".
Segundo a coluna de Bela Megale, no jornal O Globo desta quarta-feira (12), dezesseis minutos depois Bolsonaro respondeu: "coisa de maluco". E teve como resposta: "exatamente".
Cassação
Na primeira conversa, segundo a reportagem, Bolsonaro teria enviado a Do Val uma lista de nomes de políticos que poderiam ser cassados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), incluindo o dele.
"Não acredito!!! Qual foi o argumento?", indagou o senador. "Atos antidemocráticos", respondeu o ex-presidente.
Do Val também troca afagos com Bolsonaro e na manhã seguinte agradece pela reunião no Alvorada, dizendo que não havia se aproximado dele durante a Presidência para não sufocá-lo.
"Sei que isso sufoca e não queria trazer mais trabalho", declarou. "Um abraço", respondeu Bolsonaro.