GOLPISMO NA MIRA

Com medo da prisão, aliado de Marcos do Val tenta ‘jogada’ arriscada

Advogado protocolou documento afirmando que operação autorizada por Alexandre de Moraes nos endereços do senador ocorreu “sem um mínimo de fundamento constitucional”

Senador Marcos do Val (Podemos-ES).Créditos: Reprodução/Facebook
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Sem apoio do seu próprio partido, alvo de busca e apreensão da Polícia Federal na última semana e com medo de ser preso por conta das investigações a respeito das tentativas golpistas que buscavam manter Jair Bolsonaro (PL) na presidência da República à revelia do resultado das urnas, o senador Marcos do Val (Podemos-ES) ganhou a ajuda de um advogado que, espontaneamente, tenta uma manobra arriscada a fim de evitar seu eventual encarceramento.

Neste domingo (18) o advogado Carlos Alexandre Klomphas entrou com pedido de Habeas Corpus preventivo, em caráter urgentíssimo, junto ao Supremo Tribunal Federal (STF). O objetivo da ação é obter a anulação da ação penal que corre contra o senador. Klomphas não foi constituído por do Val como seu defensor e alega, na mesma ação, que trabalha na modalidade ‘pro bono’.

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Na argumentação, o advogado não oficial de Marcos do Val critica o ministro Alexandre de Moraes, do STF, que autorizou a operação da última quinta (15) em que PF fez buscas e apreensões em endereços do senador no Distrito Federal e no Espírito Santo. Segundo o documento, a operação ocorreu “sem um mínimo de fundamento constitucional”.

Klomphas alega que as provas utilizadas nas investigações dos atos golpistas de 8 de janeiro seriam falsas e obtidas a partir de agentes infiltrados e contratados para causar o caos. Na sua visão, as imagens de depredação não estariam condizentes com o caráter “pacífico” e “ordeiro” daqueles que ocupavam o acampamento diante do QG do Exército, em Brasília. Aponta ainda que a conduta de Moraes, do TSE e do STF podem trazer perigo à separação dos Poderes da República.

“O que está em jogo é o tratamento jurisprudencial sobre a imunidade material e formal de membros do Senado Federal, sendo esta uma prerrogativa do cargo, o que pode abrir precedentes perigosos para o Estado Democrático de Direito e para os mecanismos de freio e contrapeso, e o princípio constitucional da separação de poderes”, escreveu o advogado que pediu, além da anulação da ação penal, a devolução de tudo o que foi apreendido nos endereços do senador.

Abandonado pelo Podemos

O senador Marcos do Val foi abandonado pelo seu partido. A informação foi divulgada neste sábado (17) pela coluna de Guilherme Amado, no Metrópoles. Segundo o colunista, a legenda teria decidido que não defenderá o senador. A orientação é para evitar desgastes e deixar que Marcos do Val responda pelos seus atos sem apoiar-se na organização.

O Podemos está incomodado com os desdobramentos que envolvem o senador e alega que não tem participação nos eventos investigados. Além disso, também estaria decidido que não faria qualquer comunicado ou evento público em defesa do bolsonarista. Ainda segundo a coluna, a expectativa dentro do Podemos é que o senador enfrente em breve uma representação no conselho de ética do partido.

O ‘golpe tabajara’

Em primeiro de fevereiro deste ano, o senador Marcos do Val anunciou a “bomba”. Em live com integrantes do MBL, o senador afirmou que participou de uma reunião no Palácio da Alvorada em 9 de dezembro em que Bolsonaro detalhou o plano para "atirar o país numa confusão institucional sem precedentes desde a redemocratização". Daniel Silveira também estava presente.

Do Val conta que o plano de Bolsonaro era que alguém de confiança se aproximasse do ministro Alexandre de Moraes, que preside o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e arrancasse dele alguma declaração comprometedora. A conversa seria gravada e o áudio divulgado como estopim para uma convulsão social no país. O comprometimento de Moraes causaria, então, uma intervenção do Poder Executivo no STF e no TSE para, em seguida, anular as eleições vencidas por Lula (PT).

Em um primeiro momento, Bolsonaro seria o grande artífice do ‘golpe tabajara’. No entanto, após uma conversa com Flávio e Eduardo Bolsonaro, Marcos do Val mudou sua versão para uma em que o ex-presidente seria um mero expectador. Clique aqui e relembre todas as versões de Marcos do Val sobre a trama golpista.