O Conselho Nacional de Justiça (CNJ), por meio do corregedor Luis Felipe Salomão, solicitou ao Supremo Tribunal Federal (STF) as provas obtidas pela série Vaza Jato, do The Intercept Brasil, na apuração que está em curso a respeito das inspeções da 13ª Vara Federal de Curitiba e do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4). As duas instâncias são responsáveis pela Lava Jato. Enquanto a 13ª Vara julgava os processos decorrentes das investigações, o TRF-4 referendava quase todas as decisões.
Dessa vez, a inspeção foi disparada pelo afastamento do juiz Eduardo Appio da 13ª Vara Federal de Curitiba pelo TRF-4. Segundo a defesa de Appio, há fortes indícios de que as supostas provas que o afastaram teriam sido fabricadas de forma fraudulenta, argumento que é reforçado a partir de conversas de WhatsApp entre membros da força tarefa, obtidas pela Operação Spoofing, que explicitam o interesse político do grupo em ter outro nome à frente da vara.
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Já a Vaza Jato foi uma série jornalística que deu voz à interceptação de mensagens trocadas no grupo de WhatsApp da operação, obtidas por um hacker, e que deu munição à própria Operação Spoofing. No conteúdo das mensagens é possível ver figuras como o então juiz Sergio Moro, procuradores como o agora ex-deputado Deltan Dallagnol, entre outros atores que deveriam trabalhar de forma independente, combinando estratégias de produção de provas para atingir alvos específicos: especialmente o presidente Lula e o seu partido, o PT.
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As mensagens somadas às recentes denúncias de Tacla Duran, Tony Garcia e da própria defesa do juiz Eduardo Appio colocam a chamada ‘República de Curitiba’ em uma sinuca de bico. Nesse contexto, o corregedor Luis Felipe Salomão irá para Curitiba na próxima semana colher depoimentos dos envolvidos para a realização da inspeção.
Em março foi Tacla Duran quem denunciou, durante depoimento a Appio, que Moro e Dallagnol protagonizavam um esquema de extorsão sobre os delatores da Lava Jato. Ele próprio era um deles. No mês seguinte, o desembargador Marcelo Malucelli, do TRF-4, determinou o afastamento de Appio da vara sob a acusação de ter intimidado por telefone o seu filho João Eduardo Malucelli – que além de filho do desembargador, também é sócio e genro de Sergio e Rosângela Moro. Mas na última semana, um laudo da Universidade de São Carlos apontou que não é possível afirmar que a voz da chamada telefônica referida seja de Appio.
Na última semana, além dos fatos levantados pela defesa de Appio, também vieram a público as denúncias do empresário e ex-deputado paranaense Tony Garcia, que alega ter sido utilizado uma espécie de “agente infiltrado” de Moro. Ele teria realizado uma série de atividades ilegais, como a colocação de escutas clandestinas em celas e a provocação aos presos da operação para que incriminassem Lula e outras figuras ligadas ao PT.